O ex-reitor Zaki Akel Sobrinho pode ser multado pelo desvio de R$ 7,3 milhões de recursos de bolsas de estudo e pesquisa da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Por ser o gestor da universidade entre 2013 e 2016, período da irregularidade investigada pela Operação Research da Polícia Federal (PF), Akel Sobrinho pode ser responzabilizado pelo mau uso de recursos públicos no entendimento do Tribunal de Contas da União (TCU), que analisou quarta-feira (22) o relatório de auditoria do caso.
Apesar de não ser ordenador de despesa da área – a Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação, de onde foi desviado o montante, administrava orçamento próprio, sem precisar de assinatura ou liberação do reitor –, Akel Sobrinho foi incluído na representação por falta de controle nos processos de pagamento.
O ex-reitor pode ser multado em até R$ 58 mil pelo TCU. O processo será aberto, em breve, para a apresentação de defesa. Akel Sobrinho afirma que ele mesmo comunicou a Polícia Federal, em novembro de 2016, sobre as suspeitas de pagamentos irregulares. No dia da deflagração da Operação Research, que prendeu 29 pessoas em 15 de fevereiro, o ex-reitor foi intimado a depor, para detalhar as fases que envolviam as autorizações de depósito.
Em entrevista à Gazeta do Povo na tarde desta quinta-feira (23), Akel Sobrinho garantiu que considera positivo ter de participar de uma audiência no TCU, a ser marcada em breve, para falar sobre a gestão dos recursos da UFPR. “Vai ser muito bom porque vou ter oportunidade de me manifestar”, disse. Ele reiterou o que afirmou em entrevistas anteriores: de que o desvio foi praticado por uma servidora, que abusou da confiança e aproveitou o conhecimento que tinha sobre o sistema para burlá-lo. “Foi tão bem feito, que levou mais de três anos para ser percebido”, argumenta, negando que tenha havido “omissão nem negligência”.
Bloqueio de bens
O ex-reitor não está na lista de noves servidores da UFPR que tiveram os bens bloqueados para buscar o ressarcimento dos valores desviados de pesquisas para pessoas que não tinham qualquer vínculo com a universidade. Entre as pessoas com indisponibilidade do patrimônio estão a vice-reitora eleita da atual gestão, Graciela Bolzon, que assinou liberações de pagamentos à época em que ocupava cargo estratégico na pró-reitoria, e Edilson Sergio Silveira, ex-pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação.
Também foi atingida pelo bloqueio de bens a servidora Conceição Abadia de Abreu Mendonça, chefe do setor de Orçamento e Finanças da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação, apontada pela Polícia Federal como a responsável direta pelos desvios, fraudando os sistemas de pagamento para beneficiar conhecidos ou para pagar despesas particulares, como na compra de roupas de joias. A defesa da servidora já pediu sua soltura e informou que ela irá colaborar com a investigação.
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