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Trinta e um presos de uma das 24 alas da Casa de Detenção Provisória de São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, se amotinaram ontem, fazendo um agente penitenciário refém por mais de quatro horas. A rebelião ocorreu um dia após a prisão em flagrante do advogado André Lanzoni Pereira, acusado de envolvimento com o Primeiro Comando da Capital (PCC), de São Paulo, por orientar quatro detentos a iniciar uma rebelião na unidade de São José dos Pinhais.

"Desconheço qualquer ligação dos amotinados com o PCC ou com o advogado preso", afirmou em entrevista coletiva o coronel da PM Amauri Lubrian, que participou dos trabalhos, embora um dos participantes da rebelião tenha conversado com Pereira anteontem. Lubrian disse que a movimentação dos detentos teve como único objetivo reivindicar a entrada de comida vinda de fora, construção de mais banheiros, banho de sol e revisão das penas, entre outras exigências.

A rebelião começou por volta das 11 horas da manhã de ontem, quando o agente penitenciário Rafael Leal foi rendido pelos detentos no momento em que levava um deles da enfermaria de volta para a cela. A Companhia de Choque da PM entrou no presídio e precisou utilizar bombas de efeito moral e balas de borracha para evitar que a rebelião se espalhasse. Na ala onde Leal foi detido, os presos aproveitaram pedaços de ferro para ameaçar o refém e pedir a presença de um juiz e da imprensa.

Segundo a polícia, as negociações foram rápidas e tranqüilas. Por volta das 16 horas, Leal foi libertado sem ferimentos graves. Dois presos ficaram feridos. "As autoridades avaliarão as possibilidades de atender as exigências", comentou o coronel Lubrian. A Casa de Detenção de São José dos Pinhais foi inaugurada há menos de cinco meses, tem capacidade para 900 presos e abriga hoje 744 homens.

Há três anos atuando nas cadeias do Paraná, o advogado criminalista André Lanzoni Pereira, 29 anos, recebeu ordens diretas do comando do PCC para repassar orientações a detentos das prisões de São José dos Pinhais, do Ahú e da Casa de Custódia, na CIC, para que iniciassem rebeliões, afirmou o advogado de Pereira, Dálio Zippin. As informações deveriam ter sido entregues até sexta-feira, dia em que começaram as ações do PCC em São Paulo. Segundo Zippin, Lanzoni foi ameaçado de morte e coagido a procurar os presos por não ter cumprido as ordens até a data estipulada. "Ele recebeu uma lista com dez nomes", confirmou o advogado.

Em nota oficial, o secretário de Estado da Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari, acusou Zippin de ser o causador do tumulto. "A informação foi mantida sob sigilo pela Sesp para evitar que os presos se rebelassem contra a prisão do advogado. Entretanto, contrariando qualquer profissionalismo ou compromisso com a segurança de todos, o criminalista repassou para a imprensa os detalhes da prisão, o que incentivou a ação de alguns detentos do CDP", diz a nota. Zippin rebateu: "A irresponsabilidade está em omitir informações dessa gravidade, principalmente dos agentes penitenciários, que, diante de tantos ataques em São Paulo, correm sérios riscos."

A presidente de Sindicato dos Servidores do Sistema Penitenciário do Paraná, Sandra Duarte, diz acreditar no envolvimento do PCC. "É uma ingenuidade dizer que não há ligação. O estado deveria considerar o poder do PCC, que já deu mostras do que é capaz. O Rio de Janeiro passou por isso, São Paulo está passando e o Paraná também", descreve. Segundo ela, a presença de integrantes do PCC na CDP de São José é conhecida de todos.

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