Redes ajudarão a aliviar aperto em Maringá
No Norte do estado a situação é semelhante. Em Maringá, a medida foi improvisar para apaziguar a superlotação. Com capacidade para alojar 114 pessoas, o local tem hoje 284. Sem ter mais onde colocar os detentos, a direção da carceragem decidiu liberar a entrada de redes para ampliar o espaço das celas. Os produtos passarão a ser entregues pelas famílias dos custodiados na próxima sexta-feira. Em cada cômodo, com capacidade para quatro pessoas, atualmente vivem até 12. Com a colocação das redes, os policiais esperam aumentar a capacidade para 15.
"Nós medimos a temperatura nas celas, chega a 50 graus. Temos de segurar as pontas, não tem o que fazer", enfatiza um dos agentes carcerários. Além das redes, também foram permitidos ventiladores. Mas a solução paliativa causa receio na carceragem. A equipe trabalha com medo de rebeliões e teme que, durante o motim, os presos utilizem os ventiladores como armas. "Nós conversamos com eles, que pediram as medidas adotadas. Nós contribuímos, mas nunca se sabe quando isso pode se voltar contra nós mesmos", diz o funcionário.
Em Londrina, o número de doenças provocadas pelo calor e as condições de insalubridade nas carceragens acaba tendo relação direta com a superlotação. Somente no 4.º Distrito Policial (DP), vivem 110 pessoas em um espaço para 24. Cerca de 30% dos presos apresentaram lesões na pele, como descamação e alergias, além de doenças respiratórias, calcula o delegado interino da unidade, Cássio Denis Wzorek.
O responsável pela subseção local da OAB, José Carlos Mansini, relata que sarna, sífilis e até pneumonia foram alguns dos problemas encontrados nas alas visitadas.
"Detentos do Paraná vivem no limite". A declaração é da presidente da Comissão de Estabelecimentos Prisionais da Ordem dos Advogados do Brasil - Seção Paraná (OAB-PR), Lúcia Maria Beloni Côrrea Dias, em relação aos presos custodiados nas delegacias do estado. Com o calor intenso dos últimos dias, a situação tem se agravado. Doenças de pele, problemas respiratórios, tentativas de fuga e improviso por parte dos agentes carcerários ganham um capítulo à parte com as altas temperaturas nas alas prisionais.
"O calor é agravante, mas a superlotação é vilã. Precisamos que a sociedade não os odeie [os detentos]. Não temos pena de morte, o estado não pode matá-los. É necessário entender que eles têm direito a viver com dignidade para a ressocialização aqui fora", salienta Lúcia Maria.
Membros da Comissão Nacional de Direitos Humanos da OAB e do Conselho da Comunidade na Execução Penal de cada município têm percorrido as delegacias do estado para verificar a situação. Na última quarta-feira, a comissão vistoriou a carceragem da delegacia de Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, e constatou que dos 97 presos, metade estavam com sarna.
Na ocasião, a advogada da comissão da OAB Isabel Kügler Mendes disse à Gazeta do Povo que a situação era desumana. "Os presos estavam com sarna, principalmente embaixo dos braços e nas costas. Mas alguns tinham [a doença] até na cabeça. Muitos já estavam com bolsas de pus."
O local tem capacidade para alojar 16 pessoas, mas 97 estavam reclusos. Destes, 23 já haviam sido condenados pela Justiça e deveriam seguir para um presídio. O Departamento Penitenciário teria prometido transferi-los, mas até o fim da tarde de ontem, nenhum detento havia sido retirado da delegacia.
Em Medianeira, no Oeste do estado, a carceragem, com capacidade para 36 homens, guarda 124. Na tarde de quinta-feira, os policiais encontraram um buraco feito no teto, por onde os presos tentariam escapar. "Não tem ventilação, a irritabilidade dos presos só aumenta. É uma situação insustentável", se queixa o chefe da carceragem, Leandro de Souza.
Novas vagas
A Seju informou que vinte novas penitenciárias, que estão sendo licitadas, com capacidade para 6.670 detentos, deverão ser inauguradas no estado até o fim de 2014. Com isso, a expectativa do Sindicato das Classes Policiais Civis do Estado do Paraná é de que todas as delegacias mantenham somente a quantidade de pessoas que cada ala pode suportar.
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