Os 872 Centros de Formação de Condutores (CFCs) do Paraná podem ter mais tempo para se adaptar à resolução do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) que estabelece a obrigatoriedade do uso do simulador de direção veicular. É que o Departamento de Trânsito do Paraná (Detran-PR) entrou com um pedido de extensão do prazo – encerrado no último dia 31 de dezembro –, tendo como respaldo a hesitação da norma, que passou por um vai e volta nos últimos dois anos e causou receio de prejuízo entre os proprietários de autoescolas.
A demanda de mais tempo para cumprir com a nova norma é dupla, tanto do Detran-PR como do Sindicato Estadual das Autoescolas e Centros de Formação de Condutores (CFCPR). O Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) confirmou que recebeu a solicitação, mas que ainda “está analisando o pedido”.
O vai e vem da resolução
A obrigatoriedade de aulas no simulador de direção veicular para a categoria B foi prevista pelo Contran em 2013, depois de um prazo dado às autoescolas para adquirir ou alugar o equipamento.
Mas, reclamações de que apenas uma empresa fornecedora havia sido homologada no mercado levaram o órgão a adiar o prazo, para depois suspender a obrigatoriedade, dizendo que o uso do aparelho na formação de novos motoristas seria opcional.
No entanto, em julho de 2015, a obrigatoriedade foi retomada. À época, o Contran informou que o pedido para a volta da obrigatoriedade partiu dos Detrans de todo o país.
“Essa resolução da obrigatoriedade do uso do simulador já veio e saiu de circulação algumas vezes. Além disso, também corria um projeto na Câmara dos Deputados que poderia suspender ou cancelar os efeitos da determinação. Isso criou uma expectativa de que a norma poderia não vigor, e ninguém se preparou com antecedência”, observou Marcos Traad, diretor-geral do Detran-PR. Segundo ele, ainda que o pedido de respiro para a adaptação das autoescolas seja de mais seis meses, o prazo pode ser menor.
“Pelo andamento das coisas, pode ser que todas as autoescolas passem a ter os simuladores antes de junho. Mas, vamos manter um prazo máximo como referência”, disse.
Com a resolução já em vigor, a ideia do Detran-PR é trabalhar para que todas as autoescolas disponibilizem o acesso à ferramenta ao mesmo tempo, o que evitaria a desigualdade no ensino prático entre as unidades de ensino.
Até esta quinta-feira (7), mais de cem CFCs já haviam ingressado com pedidos de homologação de simuladores em todo o Paraná. Até a mesma data, três autoescolas – uma em Curitiba, uma e Guarapuava e uma em Pato Branco – já haviam recebido resposta positiva do Detran para o uso dos equipamentos. Contudo, até que todas as unidades do estado passem a disponibilizar o serviço, as aulas com simuladores nestas autoescolas continuam como facultativas.
Publicada em julho do ano passado, a nova resolução estabelece, a partir de 2016, a obrigatoriedade do uso do simulador de direção veicular nas autoescolas para quem vai tirar carteira de motorista e dirigir carros de passeio (categoria B). Das 25 horas de aula prática exigidas dos candidatos, cinco delas têm de ser, a partir de agora, no simulador de direção, sendo uma hora com conteúdo noturno.
Uso compartilhado e “aluguel” de simuladores devem minimizar alta no preço da carteira
- Angieli Maros
Receosas de investir preço alto no uso de um equipamento que passou os últimos dois anos na corda bamba, muitas das autoescolas do estado devem optar pelo uso em conjunto dos simuladores, afirmou o Sindicato Estadual das Autoescolas e Centros de Formação de Condutores (CFCPR).
“Manter um espaço com vários simuladores otimiza custo e tempo, tanto para a autoescola como para o cliente”, observa Osmar Marcondes, gerente operacional do CFCPR. De acordo com ele, ainda que as autoescolas tenham total autonomia para decidir a maneira como vão disponibilizar o acesso aos equipamentos, a maioria deve optar pelo uso em conjunto de espaços.
Outra forma encontrada pelos proprietários de autoescolas para minimizar o aumento no preço da carteira de habilitação com a mais nova exigência do Denatran é “alugar” os simuladores ao invés de adquiri-los. Atualmente, o preço de um simulador no mercado varia entre R$ 35 mil e R$ 43 mil, sendo que, na modalidade comodato – espécie de contrato em que paga o que usar –, os donos das CFCs têm a chance de pagar apenas pelo período de utilização.
Danielly Basso, dona da autoescola Sítio Cercado em Curitiba – a única que já oferta o serviço na capital –, conta que deve pagar em torno de R$ 15 e R$ 16 por cada hora aula. “É um custo que eu economizo, ao não precisar comprar o simulador, e não preciso repassar por inteiro aos clientes”, comentou.
Para ela, ainda que criticada, a implantação dos simuladores deve melhorar a aprendizagem nas autoescolas, uma vez que facilita o primeiro contato do futuro condutor com os mecanismos do automóvel.
“Como o aluno consegue fazer parte das aulas dentro de um ambiente controlado e não na rua, a impressão que quando ele chegar na rua já vai mais preparado. Para quem nunca pegou no volante, é muito bom”.
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