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O Paraná conseguiu reduzir acentuadamente o ritmo do desmatamento de florestas nativas nos últimos cinco anos, mas ainda assim continua a ser um dos campeões brasileiros de desflorestamento na área de abrangência da Mata Atlântica, bioma que se estende por 17 estados e que hoje é o mais ameaçado do país, com apenas 7% de sua área original ainda preservada. Entre os anos de 2000 e 2005, foi derrubada no Paraná uma área de matas 88% menor do que a que havia sido devastada no período de 1995 a 2000. No entanto, a área desmatada continua a ser muito grande: 21,8 mil hectares (o equivalente a 22 mil campos de futebol). Os paranaenses, nos últimos cinco anos, só não desmataram uma extensão de Mata Atlântica maior do que os vizinhos catarinenses, com 46,2 mil hectares devastados.

Os dados foram revelados ontem pela Fundação SOS Mata Atlântica, que divulgou as primeiras informações do Atlas dos Remanescentes Florestais do bioma – levantamento realizado por meio de imagens de satélite, em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e que deve estar completamente pronto no fim do ano. A divulgação dos dados iniciais do atlas marca as celebrações pelo Dia da Mata Atlântica, comemorado neste sábado.

Para Márcia Hirota, diretora da Fundação SOS Mata Atlântica e coordenadora do atlas, mesmo com a redução do ritmo da devastação, não há muito o que se comemorar. O Paraná, juntamente com Santa Catarina, é um dos poucos estados onde o desmatamento ainda acontece em grandes extensões de matas. E o ecossistema pertencente ao bioma da Mata Atlântica mais ameaçado no Sul do país é a floresta com araucárias. Os pinheirais em bom estado de conservação, segundo dados oficiais, hoje ocupam no Paraná apenas 0,8% da área original.

O secretário estadual do Meio Ambiente, Rasca Rodrigues, afirma, porém, que a redução do índice de desmatamento no Paraná é positiva e deve ser comemorada. Mas ele reconhece que o estado poderia ter avançado mais. Segundo ele, a pressão pelo desmatamento, sobretudo de araucárias, têm sido muito grande.

Rodrigues afirma que o governo do estado já tem um plano para intensificar a fiscalização por meio da contratação de 75 policiais ambientais que vão trabalhar exclusivamente na área de ocorrência da mata de araucária. Hoje, o Batalhão de Polícia Ambiental tem, no estado inteiro, 600 homens.

O biólogo Ricardo Miranda de Britez, coordenador da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem (SPVS), afirma que as medidas para se garantir a preservação das araucárias no Paraná ainda são incipientes. "Não existe uma política para preservar o que restou", diz ele. O biólogo afirma que os proprietários rurais com matas nativas não têm incentivos para manter suas matas bem preservadas. Para ele, uma alternativa para reverter esse quadro seria destinar uma parte do ICMS Ecológico, recebido pelos municípios, para os donos das matas preservadas. Hoje, o ICMS Ecológico fica exclusivamente com a prefeitura. As companhias de abastecimento de água também poderiam pagar aos proprietários que preservam matas em áreas de mananciais para que eles continuem a mantê-las bem preservadas. Além disso, afirma Britez, a iniciativa privada poderia contribuir ao "adotar" áreas bem conservadas, pagando os donos pela preservação.

O secretário Rasca Rodrigues afirma que existe, no governo do estado, uma discussão para implantar mecanismos de incentivo para o proprietário preservar seus remanescentes. "Mas ainda não há consenso a respeito da eficácia desses mecanismos."

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