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crime organizado

Dez anos após parar SP, PCC tem bases em todos os estados e seis países

 | CARLOS PUPO/ds/-
(Foto: CARLOS PUPO/ds/-)

Passados dez anos da série de ataques do Primeiro Comando da Capital (PCC) em São Paulo contra agentes públicos de segurança, o poder da maior facção do Brasil só cresceu. Hoje, a organização já movimenta 40 toneladas de cocaína e arrecada R$ 200 milhões por ano, com atuação em praticamente todas as vertentes do crime. No Brasil, a presença do PCC, além de São Paulo, é mais forte no Paraná e em Mato Grosso do Sul, estados com fronteira com os países que abrigam bandos parceiros da facção.

Em 2013, após três anos e meio de investigações, o Ministério Público Estadual (MPE) concluiu que a facção se espalhava por 22 Estados, Distrito Federal, Bolívia e Paraguai. Hoje o PCC se faz presente em todas as 27 unidades da federação e já tem bases também na Argentina, no Peru, na Colômbia e na Venezuela.

Vídeo de três minutos e meio foi exibido pelo “Fantástico”, de TV Globo, como condição do PCC para libertar o jornalista Guilherme Portanova, sequestrado pelo comando. Imagem, em que um homem aparece criticando o sistema penal brasileiro, ganhou repercussão nacional | Arquivo/AFP/Carlos Pupo

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Vídeo de três minutos e meio foi exibido pelo “Fantástico”, de TV Globo, como condição do PCC para libertar o jornalista Guilherme Portanova, sequestrado pelo comando. Imagem, em que um homem aparece criticando o sistema penal brasileiro, ganhou repercussão nacional

74 DP, em Sâo Paulo, foi um dos alvos do ataque do comando, em maio de 2005. | Arquivo/Folha Imagem/ /Andre Porto

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74 DP, em Sâo Paulo, foi um dos alvos do ataque do comando, em maio de 2005.

Parentes e amigos em velório do policial militar Odair José Lorenzi, morto durante ataque s do comando, em julho de 2006 | Arquivo/AFP/Mauricio Lima

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Parentes e amigos em velório do policial militar Odair José Lorenzi, morto durante ataque s do comando, em julho de 2006

Cerimônia reuniu 433 unidades da Rota, da Polícia Militar de São Paulo, nas proximidades de um posto de gasolina atacado pelo PCC, em agosto de 2006 | Arquivo/AFP/Mauricio Lima

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Cerimônia reuniu 433 unidades da Rota, da Polícia Militar de São Paulo, nas proximidades de um posto de gasolina atacado pelo PCC, em agosto de 2006

Entrada do Ministério Público de São Paulo ficou danificada após bomba caseira explodir no local, em agosto de 2006 | Arquivo/AFP/Mauricio Lima

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Entrada do Ministério Público de São Paulo ficou danificada após bomba caseira explodir no local, em agosto de 2006

Bomba explodiu no hall de entrada do MP | Arquivo/AFP/Mauricio Lima

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Bomba explodiu no hall de entrada do MP

Segundo o MPE, há evidências nas investigações que mostram contatos diretos de integrantes do PCC com o Exército do Povo Paraguaio (EPP), um grupo terrorista contrário ao governo local, e com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). “O foco está no tráfico de drogas e armas com todos os países listados. Começamos a verificar, por exemplo, o uso de fuzis argentinos no Brasil por parte de integrantes do PCC recentemente”, conta o promotor Lincoln Gakiya, de Presidente Prudente.

Segundo as investigações do MPE e da Polícia Federal (PF), às quais o jornal “Estado de S. Paulo” teve acesso, mais de 80% dos rendimentos do bando vêm do tráfico de drogas. O restante tem origem em assaltos a banco, sequestros, tráfico de armas, rifas vendidas à população carcerária e mensalidade de R$ 600 cobrada de cada um dos mais de 10 mil integrantes do PCC - mais de 7 mil estão presos.

O governo Geraldo Alckmin (PSDB), por meio das Secretarias da Segurança Pública (SSP) e da Administração Penitenciária (SAP), disse que o combate ao crime dentro e fora dos presídios é feito diuturnamente em parceria com o Ministério Público Estadual (MPE) que, por usa vez, afirma que realizou a maior investigação contra a facção e pediu a prisão de 175 líderes à Justiça, mas ainda aguarda uma posição definitiva do Judiciário.

Há uma década, a arrecadação anual era de aproximadamente R$ 120 milhões. A rota internacional de tráfico começava a dar os primeiros sinais de expansão em dois países vizinhos, Bolívia e Paraguai.

Agora, em vez de sufocada pelo poder estatal, a facção amplia seus tentáculos internacionais. O MPE e a Polícia Federal já têm provas de que o tráfico de drogas, principalmente o de cocaína, atravessou o Atlântico e desembarcou na Europa e na África. O Porto de Santos é o ponto de partida dos carregamentos. Traficantes de Portugal e Holanda, por exemplo, já estão entre os clientes do PCC.

Segundo o MPE, durante uma blitz recente em um navio, foram encontrados 100 quilos de cocaína com destino à Europa. A droga estava misturada a bolsas. Ainda não há, porém, estimativa da quantidade “exportada” para os dois continentes.

Células

O poderio financeiro do PCC está diretamente relacionado ao tráfico de drogas. “Quanto mais droga vendida, mais dinheiro para comprar armas e drogas, que dão retorno com mais dinheiro”, diz a desembargadora Ivana David, do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), ao explicar o ciclo de crescimento da organização.

Ivana, que acompanhou centenas de investigações contra a facção antes dos ataques de maio de 2006, diz acreditar que o PCC só cresceu porque os integrantes que exercem funções de chefia recrutam substitutos capazes de dar sequência às atividades criminosas, caso algum líder seja preso ou morto. “São como células. Quando uma sai, há outras prontas para assumir”, afirma.

Uma amostra da força financeira do PCC, que se estrutura como uma empresa, está em uma planilha apreendida durante uma operação policial. Nela consta que a facção gastou mais de R$ 1,8 milhão com advogados só no primeiro semestre do ano passado em São Paulo. Nos outros Estados, o montante no período foi de mais de R$ 730 mil.

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