Em setembro de 2004, o Educandário São Francisco estava com lotação acima de sua capacidade. Eram 243 meninos para 150 vagas. A transferência de um grupo de Londrina, em regime de urgência, teria favorecido a rebelião. A estrutura da casa na ocasião era diferente. Havia alojamentos com capacidade para 30 adolescentes em cada um. O trabalho dos educadores se confundia com o de um segurança. O poder de influência dos adolescentes líderes, nas alas, era difícil de conter. Hoje, parte desse contingente está na Unidade Fênix, voltada para adolescentes de alta periculosidade, também em Piraquara, e na parte C do São Francisco.
Em 23 de setembro de 2004 morreram: Jefferson Lima Cerqueira, 18 anos; Oséias Carlos, 16; Tiago Rodrigues Santos, 17, os três de Londrina; Waldeir Aparecido Melo Dalva, 17, Cascavel; Alexsandro dos Reis Carvalho, 18, Curitiba; Fernando Luís Graciano, 17, Jacarezinho; Daniel Francisco Gonçalves, 18, Cambé.
Homem da segurança
Rubens Wandembruch estava licenciado do Educandário São Francisco quando a rebelião aconteceu, há dois anos. "Graças a Deus", diz o homem de voz pequena. Em 30 anos de serviços prestados viu de tudo um pouco, inclusive os efeitos do crime organizado e do tráfico de drogas sobre os meninos. "Eu digo: quer ir para a sala de aula ou para o crime?"
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