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Cerca de um terço da população de Curitiba tem grandes chances de desenvolver diabete tipo 2 em breve, se não alterar hábitos alimentares e começar a praticar exercícios físicos regularmente. O Centro de Diabete de Curitiba, em parceria com o Lions Clube, entrevistou e fez o exame de glicemia capilar (aquele do furinho na ponta do dedo, que testa o nível de açúcar no sangue) com 2.522 moradores da capital, de idades e níveis sociais variados. Em 30% da amostragem foram detectados três fatores de risco de desenvolvimento da doença, sendo um deles a predisposição genética. Mais da metade (51,6%) dos entrevistados somam dois fatores de risco.

"Em termos de prevenção da doença, não basta apenas fazer o exame de glicemia, é preciso também ver os fatores de risco. O ideal é que as campanhas de conscientização usassem também o questionário, porque ele permite a orientação da mudança de hábitos antes que o nível de glicose apareça alterado", avalia a endocrinologista Silmara Leite, que coordenou a pesquisa, feita em 2004 com moradores de quatro bairros de Curitiba: Jardim Botânico, Centro, Portão e Jardim Social. "São dados que continuam atuais, não houve mudança neste período", informa Silmara. Três por cento das pessoas avaliadas descobriram durante a pesquisa que já estavam com diabete. "Depois de constatada, não há como curar a doença. Por isso a importância da prevenção. Se a pessoa descobre que está com pré-diabete, por exemplo, a mudança de hábitos ainda pode reverter o quadro", explica Silmara.

Além da predisposição genética, obesidade e sedentarismo, o estudo também leva em consideração o alto nível de colesterol e pressão arterial elevada, que indicam também o risco de desenvolvimento de doença coronariana. Segundo a pesquisa, 50% dos entrevistados confirmaram ser sedentários, 41,6% são obesos, 37% têm histórico familiar de diabete, 17% têm colesterol alto, 15% pressão alta e 5,6% tiveram diabete gestacional. "Quando é o aparecimento dos sintomas que leva ao diagnóstico da doença, normalmente a pessoa já é diabética há anos", diz a coordenadora da pesquisa.

O diretor do Central de Medicamentos do Paraná, Luiz Fernando Ribas, alerta que, para prevenir a diabete, toda pessoa com idade acima de 35 anos deve fazer uma bateria de exames uma vez por ano. "Os exames de glicemia que são feitos na rua nem sempre têm resultados efetivos, porque há fatores que interferem momentaneamente na dosagem de glicose. O ideal é que o teste seja feito em jejum", explica o médico. A população, diz Ribas, ainda desconhece que não é só a ingestão de açúcar que provoca a diabete. "Ainda existe o folclore de que quem não costuma comer muito açúcar não corre o risco de estar com a doença. As pessoas não têm noção de como é importante a prevenção (uma dieta balanceada, saudável) e a promoção de saúde (exercícios físicos)", completa.

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