Para não esquecer
Algumas das lições ensinadas pelas faixas e painéis do projeto Sinal do Saber:
Não existe a palavra "menas", somente menos.
O plural é troféus e não "troféis".
O correto é faz 10 anos e não "fazem 10 anos".
O plural é cidadãos e não cidadões.
Não se fala "di menor", mas sim, menor de idade.
O certo é meio-dia e meia e não meio-dia e "meio".
É duzentos gramas e não "duzentas" gramas.
Não é "perca" de tempo, mas perda de tempo.
O certo é mortadela e não "mortandela".
O correto é cadarço e não "cardaço".
Quem circula pelas ruas de Maringá nos fins de semana corre o risco de sofrer uma abordagem inusitada no semáforo. Basta o sinal ficar vermelho para que faixas e painéis entrem em cena, chamando a atenção de motoristas e pedestres para expressões e palavras pronunciadas incorretamente, mas que são comumente faladas por muitas pessoas. Com mensagens curtas e diretas, o projeto Sinal do Saber tenta evitar a propagação dos chamados vícios de linguagem. A ideia partiu do advogado Lutero de Paiva Pereira, um mineiro radicado na Região Noroeste do Paraná que se autodefine como "um amante da palavra".
Formado em Direito pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) em 1984, Pereira é autor de vários livros na área jurídica. Começou a escrever em 1990 por necessidade, já que sentia dificuldade em encontrar obras voltadas para a área do agronegócio, que é sua especialidade. Com o passar do tempo, se dedicou a outros ramos de produção literária. Ele conta que o Sinal do Saber surgiu quando pensava em uma maneira de tornar a sociedade mais aculturada. "O sinaleiro é um ambiente primitivo de divulgação. Então pensei: será que este local também não pode ser um cenário de desenvolvimento cultural?"
Apoiadores
A ideia foi levada para os colegas de golfe empresários e profissionais liberais que, prontamente, aderiram ao projeto, tornando-se apoiadores culturais. Cada um desembolsou cerca de R$ 500, aplicados na confecção das faixas e no pagamento de uma empresa de panfletagem, responsável pela exposição dos painéis. "Eles não estão pensando no ganho próprio, mas na coletividade. Estão devolvendo para a sociedade o que já tiraram dela com a prestação de serviços."
Para apresentar as pequenas lições, Pereira consultou livros de gramática e professores. Muitos dos vícios de linguagem foram retirados de conversas que o advogado presencia no dia a dia. Ele diz que há erros gramaticais passados pelos próprios professores. "A vocação para leitura no Brasil é muito pequena e a formação escolar é deficitária. O Estado não dá condições para o professor se aperfeiçoar e isso acaba passando para o aluno", afirma, citando outro objetivo do projeto: estimular a leitura.
Faixas também são expostas em parques e praças
Atualmente, oito faixas do projeto Sinal do Saber estão em circulação pela cidade. Elas são colocadas principalmente em cruzamentos de intenso tráfego. A escolha dos pontos é feita a cada fim de semana, levando em consideração a realização de eventos que possam atrair um maior número de pessoas. As mensagens também são mantidas em praças e parques, e divulgadas pela internet na página que o projeto mantém no Facebook.
A receptividade da ação foi tão boa que o Sinal do Saber já está sendo levado para dentro de edifícios e empresas. É o caso da Catamarã Engenharia, onde os funcionários são orientados a corrigir certos vícios de linguagem comuns nos canteiros de obras, como "cuié de pedreiro" e "junta de delatação".
A proposta também deve ganhar outras cidades, como Cuiabá (MT). "Um empresário de uma rede hoteleira achou a ideia boa e pediu autorização para implementá-la em sua cidade", revela Pereira. Com o sucesso, o idealizador pensa em ampliar o projeto. Além de evitar erros gramaticais, as faixas devem, em breve, veicular informações sobre o município e o país, além de outros temas como história mundial e a formação das palavras. "Uma pessoa que fala melhor, consequentemente pensa melhor e realiza melhor. É o caminho natural do desenvolvimento cultural."
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