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Tarifa do transporte coletivo passa a custar R$ 4,25 a partir desta segunda-feira(6), em Curitiba. | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Tarifa do transporte coletivo passa a custar R$ 4,25 a partir desta segunda-feira(6), em Curitiba.| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

O reajuste de 14,9% na tarifa de ônibus de Curitiba aplicado pela nova gestão Rafael Greca, válido a partir desta segunda-feira (6), foi mais do que o dobro da inflação acumulada no período fiscal do setor – que é medido entre março a fevereiro. Projeções econômicas indicam que o INPC desse período para 2017 não ultrapassará 6%. Além disso, essa nova tarifa de R$ 4,25 diminuiu o poder de compra em relação ao salário mínimo vigente no país. Até o ano passado, um salário mínimo comprava 237 passagens. Agora, comprará 220.

Os custos do sistema de transporte coletivo são reajustados de acordo com a variação nos preços de insumos como pneus, óleo diesel, peças e acessórios de ônibus e, principalmente, nos salários de motoristas e cobradores. Todos esses insumos, portanto, podem ter variações acima da inflação. E é comum que o reajuste da tarifa fique acima dos índices inflacionários. Mas o aumento imposto por Greca tende a ter a maior diferença em relação à inflação na comparação com todos os demais reajustes concedidos durante a vigência do atual contrato de concessão do transporte coletivo, homologado pelo então prefeito Luciano Ducci em agosto de 2010.

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Antes disso, em 2009, o então prefeito Beto Richa havia feito um reajuste tarifário cuja diferença em relação à inflação se aproximou da que será alcançada agora por Greca. Naquele ano, Richa aumentou a tarifa em 15,8% enquanto o INPC de janeiro acumulado nos últimos 12 meses estava em 6,43%. Vale lembrar, entretanto, que o preço do ônibus ficou sem ser reajustado em 2008 devido a uma decisão política do hoje governador do estado.

Outro indicador importante nessa matemática é o poder de compra em relação ao salário mínimo. Essa relação foi favorável ao bolso do curitibano entre 2012 e 2014. Mas vem caindo de lá para cá. Após atingir um pico em 2014, quando conseguiu comprar de 268 passagens com um salário mínimo, o usuário do transporte daqui viu esse poder de compra cair para 238 em 2015, 237 em 2016 e agora 220 passagens – a menor relação desde 2011. E o reajuste ainda elevou Curitiba a mais ao lugar em outro ranking: o de capital com maior tarifa de ônibus do país, conforme levantamento feito pela Gazeta do Povo.

Durante o último fim de semana, Rafael Greca utilizou as redes sociais para justificar o aumento. Em dois textos publicados por volta do meio-dia de sábado (4), o prefeito disse que o processo de reorganização do Transporte Público recomeçaria “agora”. “Disse durante a campanha e repito: as coisas custam o que custam. A vida sempre manda a conta. Nem mais, nem menos; o justo”, escreveu o prefeito em uma das postagens.

Renovação da frota

Greca ainda deu a entender que a política de seu antecessor, Gustavo Fruet, foi responsável por permitir que a cidade ficasse com parte da frota dos veículos com vida útil acima do limite permitido em contrato. Durante sua gestão, Fruet criou a Comissão da Tarifa para analisar todos os custos do setor e o contrato de concessão. A gestão municipal, inclusive, entrou na Justiça para pedir a retirada de alguns custos da tarifa que ela considerou fora do contrato. Essa discussão permitiu que as empresas ganhassem na Justiça uma liminar que as desobrigava a renovar a frota até que o mérito da discussão fosse julgado.

“Com o reequilíbrio financeiro do Sistema, em base real. A reintegração metropolitana acontecerá até julho, a frota será renovada até dezembro. Os 25 Ligeirões Norte Sul já estão sendo contratados. Fabricados, chegam em 6 meses”, postou Greca.

Apesar desse discurso, o atual prefeito ainda não disse se já há um acordo com as empresas de ônibus para a renovação da frota vencida e a compra dos novos biarticulados para o eixo Santa Cândida-Capão Raso. A responsabilidade de comprar novos ônibus, por contrato, é delas. Os empresários, em nota enviada à imprensa recentemente, havia pedido uma tarifa técnica de, pelo menos, R$ 4,57 para atender todos os parâmetros contratuais -- imagine-se que, inclusive, contemplando o parâmetro de renovação da frota. E o presidente da Urbs, Antônio Andreguetto, já disse que não concederá esse valor às empresas. A discussão deve se arrastar até o próximo dia 26, que é data-base de revisão dos custos do setor prevista em contrato.

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