Imigração
Secretaria conduz projeto para estimular vinda de mão de obra estrangeira
A Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) está conduzindo um projeto para estimular a entrada de mão de obra estrangeira qualificada em território nacional. Segundo dados de 2010 compilados pelo ministério, o número de imigrantes de primeira geração que vive hoje no Brasil representa 0,3% da população (600 mil pessoas), diante da média mundial de 3%.
A pesquisa cita que "países altamente desenvolvidos como Suíça, Nova Zelândia, Austrália e Canadá possuem mais de 20% da população formada por imigrantes". Em 2011, foram concedidos 70,5 mil vistos de trabalho para estrangeiros, número considerado ainda "muito baixo" pela SAE.
A presidente Dilma Rousseff está estudando um modo de facilitar a vinda de engenheiros estrangeiros para trabalhar no Brasil, assim como fez com profissionais da área da saúde, no programa Mais Médicos. Alguns ministros do chamado "núcleo duro" do governo estão tentando provar para a petista que a medida ajudaria a solucionar um dos problemas que atravancam o andamento de obras e o repasse de verba federal para municípios.
Hoje, faltam nas prefeituras especialistas dispostos a trabalhar na elaboração de projetos básico e executivo, fundamentais para que a cidade possa receber recursos da União. As travas no repasse de dinheiro já foram identificadas por Dilma como um dos obstáculos para que o Executivo consiga impulsionar o crescimento econômico e acelerar obras de infraestrutura dois gargalos que poderão custar caro para a candidatura à reeleição.
O governo já investe no estágio e na especialização de engenheiros brasileiros no exterior com o Ciência Sem Fronteiras. Mas a ideia é ir além, aproveitando os profissionais de fora já prontos, para que tragam expertise e preencham lacunas em regiões hoje desprezadas pelos brasileiros. A proposta inicial é importar especialmente mão de obra de nações que enfrentam crise econômica e têm idiomas afins, como Portugal e Espanha.
O plano ainda está em estágio embrionário. O ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Marcelo Neri, acredita que o Mais Médicos pode servir como experiência piloto, mas aposta na eficiência do Ciência Sem Fronteiras.
O Maranhão tem a pior média, com um engenheiro para 1.265 habitantes, seguido por Piauí e Roraima. Na outra ponta, São Paulo tem 148 habitantes por engenheiro.
Prefeitos falam em "presente de grego"
Na gestão anterior, o ex-presidente Lula afirmou ter dinheiro em caixa para investir e fez um chamado aos prefeitos pedindo para que encaminhassem projetos executivos assinados por engenheiros para que a União pudesse repassar dinheiro às prefeituras. Dilma vem fazendo o mesmo. Mas há prefeitos que consideram os programas de transferência voluntária de renda federal um "presente de grego".
Para o presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), Paulo Ziulkoski, a falta de engenheiros é apenas uma das dificuldades para receber investimentos federais. "Além da dificuldade dos municípios menores em formar um quadro com engenheiro civil, mecânico e agrônomo, a demora na liberação de licença ambiental e a dificuldade em comprovar a propriedade de um terreno também atrapalham muito."
Outro imbróglio grave é a falta de dinheiro para a contrapartida. "Tudo tem um custo, é um presente de grego", afirma. "Eu sou o primeiro a dizer aos prefeitos que nem mandem projetos, porque eles não conseguem manter nem os que já têm. Só que os 4.100 novos eleitos ainda estão sonhando, achando que podem fazer muita coisa."
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