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Saúde

Diminui suspeita de máfia dos remédios

Cena da peça "A Descoberta das Américas" | Divulgação/Diego Pisanti
Cena da peça "A Descoberta das Américas" (Foto: Divulgação/Diego Pisanti)

Os deputados estaduais ouviram ontem a advogada ivone Razolin e chegaram à conclusão de que ela não faz parte da suposta "máfia dos medicamentos", que segundo o governo pode estar agindo no estado. Ela é responsável pelo maior número de liminares que obrigam o governo do estado a comprar e fornecer remédios excepcionais no Paraná. "Se houvesse máfia, a senhora seria a principal suspeita", afirmou o presidente da comissão, deputado Ney Leprevost (PP). "E hoje eu vi que a senhora certamente não é mafiosa", disse.

A advogada foi convidada a falar na Assembléia depois que documentos apontaram que ela havia conseguido mais de 50 liminares para fornecimento de um mesmo remédio a pacientes de várias cidades do estado. O medicamento era o Etanercepte, usado no tratamento de artrite e outras doenças reumáticas. Cada cartela com quatro comprimidos custa cerca de R$ 6 mil. Um adulto chega a precisar de duas caixas por mês.

A suspeita dos deputados era de que a advogada pudesse estar trabalhando para algum laboratório, forçando o governo a gastar dinheiro com um determinado medicamento. A explicação dela para o fato, porém, foi simples. "Sou advogada da Associação Paranaense de Portadores de Doença Reumática", afirmou. Por isso, seria natural que ela pedisse sempre o mesmo remédio.

"Esse é o único remédio biológico para crianças que apresentam artrite reumatóide", disse ela. Segundo a advogada, há outra opção para os adultos, o Infliximab. "Esse é o medicamento que é padronizado pelo governo", comentou. Mas, de acordo com ela, os médicos têm preferido recomendar o uso do Etanercepte pelo menor número de efeitos colaterais causados pela droga.

A advogada também afirmou que o governo tem demorado para atender as decisões judiciais que exigem o fornecimento de remédios. "Temos uma paciente, uma adolescente, que precisa de um remédio e conseguimos uma liminar. O governo tinha prazo até o dia 16 deste mês para cumprir e ainda não forneceu", disse ela. Segundo a advogada, a paciente corre risco de morte. A reportagem procurou a Secretaria de Estado da Saúde ontem à tarde para saber sobre o caso, mas a assessoria de imprensa afirmou que não se pronunciaria sobre o tema no momento.

Leprevost afirmou que o depoimento é um indício de que a "máfia dos medicamentos" não existe. Ele disse que a hipótese de um conluio de advogados e laboratórios para forçar a compra de remédios pode ser um mecanismo usado pelo governo para tirar a atenção da falta de remédios excepcionais nas prateleiras das farmácias especiais do estado.

Na próxima semana, a Comissão de Saúde da Assembléia Legislativa vai ouvir representantes de associações de doentes que dependem de medicamentos excepcionais para verificar se o fornecimento dos remédios ofertados pelo governo do estado já se normalizou. A comissão também espera resposta do governo a um ofício que solicitava informações sobre quais são os laboratórios e os advogados que participariam da suposta máfia. Se obtiver a resposta, o presidente promete convidar para depor os representantes dos laboratórios citados pelo governo.

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