Gafe
Fruet chama biarticulado de Ligeirinho e confunde até a presidente
Chico Marés
Durante seu discurso, o prefeito Gustavo Fruet confundiu o ônibus biarticulado, popularmente conhecido como expresso e impopularmente conhecido como BRT, com o ligeirinho ônibus identificados pela cor prateada que trafegam em vias comuns, mas param apenas em estações-tubo e terminais. Sem corrigir o equívoco, o BRT passou a ser chamado de ligeirinho pelos falantes seguintes. Fruet chegou a presentear Dilma Rousseff com uma réplica do Ligeirinho que, na verdade, era um biarticulado. Simpática, a presidente posou para fotos ao lado da miniatura do ônibus vermelho junto com os presidente da Urbs, Roberto Gregório; do Ippuc, Sérgio Pires; e da Câmara Municipal, Paulo Salamuni. Quando discursou, lembrou como o ex-prefeito Jaime Lerner foi importante ao criar os Ligeirinhos. Mas não foi só ela. O ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, embarcou na gafe e elogiou o ligeirinho, tão imitado em todo o mundo. O governador Beto Richa não tocou no assunto, e nem corrigiu.
"Temos o menor custo por quilômetro [de metrô] entre as capitais brasileiras. E nós estamos em condições de, após a assinaturas dos contratos, imediatamente lançar os editais para, no primeiro semestre do ano que vem, começar as obras."
Gustavo Fruet (PDT), prefeito de Curitiba.
"Hoje, certamente, mais um grande avanço é garantido com essa união aqui celebrada, conseguindo materializar um sonho acalentado há muitos anos."
Beto Richa (PSDB), governador do estado.
"Nós, que vivemos no dia a dia das administrações, sabemos que aquilo que temos que cobrar é justamente isso: que as coisas aconteçam, que ocorram, que saiam do papel e que tenham efetividade."
Dilma Rousseff (PT), presidente da República.
Dois anos depois de liberar R$ 1 bilhão para o projeto do metrô curitibano, a presidente Dilma Rousseff voltou à capital paranaense ontem para anunciar um aporte maior para a primeira linha de trem subterrâneo de Curitiba. Os custos do projeto dobraram desde então, passando dos R$ 2,3 bilhões estimados em 2011 para R$ 4,568 bilhões neste ano. Agora, a promessa é que o metrô finalmente sairá da prancheta. No mesmo pacote, a União vai financiar também outras três obras em Curitiba. No total, destinará R$ 5,3 bilhões a intervenções de mobilidade no Paraná.
O acordo, que vinha sendo desenhado ao longo da última semana, foi oficializado em tom de aliança entre os governos federal, estadual e municipal. Os custos do metrô serão divididos da seguinte forma: a União vai bancar R$ 1,8 bilhão, a fundo perdido (sem necessidade de devolução), e financiar R$ 1,4 bilhão por meio de empréstimos (R$ 700 milhões à prefeitura e R$ 700 milhões ao governo do Paraná). Outros R$ 1,368 bilhão virão da iniciativa privada. "Essa obra que estamos anunciando hoje não só é factível, como vai começar. Eu acho que isso tem que ser comemorado", destacou a presidente.
INFOGRÁFICO: Veja para onde vão os recursos liberados
A verba vai financiar os 17,5 quilômetros de metrô, ligando os bairros Cidade Industrial e Cabral. Segundo a prefeitura, o edital será lançado ainda neste ano e as obras começarão ainda no primeiro semestre do ano que vem. A implantação do modal deve durar cinco anos, com previsão de exploração por concessão de 30 anos.
"O futuro de Curitiba como cidade multimodal começa a ser escrito hoje, com este plano de mobilidade que trará o maior aporte de recursos que a cidade já recebeu durante 20 anos", comemorou o prefeito Gustavo Fruet (PDT).
Empréstimos
Prefeitura e governo do estado terão "condições diferenciadas" nas palavras da presidente para quitar os empréstimos que ajudarão a pagar a conta do metrô. A dívida poderá ser quitada em 30 anos, com cinco anos de carência. "Sem essa estrutura de financiamento, não conseguiríamos fazer uma obra deste porte. Existe financiamento adequado, senão seria insuportável", disse Dilma.
Revisão
Em outubro de 2011, a presidente já havia vindo a Curitiba especificamente para anunciar verbas para o metrô. Na ocasião, divulgou a liberação de R$ 1 bilhão para a obra. As contrapartidas de prefeitura e estado também era menores: respectivamente, R$ 435 milhões e R$ 300 milhões. Àquela época orçado em R$ 2,3 bilhões, o projeto inicial teve de passar por uma revisão. Uma comissão da prefeitura detectou falhas, como demanda superestimada e inadequação de métodos construtivos.
União libera mais R$ 408 milhões para Curitiba
Outros três projetos de mobilidade de Curitiba também vão receber recursos federais. Juntos, a Linha Verde, a ampliação da rede de linhas BRT e do novo anel da linha Inter 2 vão dividir R$ 408 milhões, liberados pela União, a fundo perdido. Ao longo das obras, o município deve entrar com uma contrapartida de cerca de R$ 200 milhões.
Segundo projeções da prefeitura, essas intervenções vão somar mais 68 quilômetros de canaletas ao sistema viário de Curitiba, que hoje tem cerca de 80 quilômetros. Outros 28 quilômetros de vias expressas devem passar por adequações, principalmente para permitir a passagem dos "Ligeirões". O pacote prevê ainda dez novos terminais no eixo Leste-Oeste, além da conclusão da Linha Verde, integrando a capital à região metropolitana.
A prefeitura vai divulgar o detalhamento dos projetos já nos próximos dias, estabelecendo um cronograma. Apesar disso, o prefeito Gustavo Fruet adiantou que as obras devem começar a ser executadas no início do ano que vem. A estimativa é de que o pacote seja concluído em um prazo de três anos.
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