Os índios Guarani Kaiowá acusam o agronegócio, especialmente o avanço das plantações de cana de açúcar e a monocultura da soja no sul de Mato Grosso do Sul, como responsáveis pela não demarcação das reservas. A indústria canavieira agravou uma situação que já existia, confirma o procurador Emerson Kalif Siqueira, do Ministério Público Federal em Campo Grande.

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Há manipulação de informação no estado. Criou-se um falso binômio alimentos, sim e demarcação, não. Essa antítese não existe, disse Marco Antônio Delfino de Almeida, procurador do MPF em Dourados. Segundo ele, o volume de terras reivindicadas para a reserva não ultrapassa 0,5% das áreas do estado. Em hipótese alguma a demarcação vai afetar a produção. As pessoas não vão passar fome pelo fato de se reconhecer as terras indígenas como reserva, afirmou.

O diretor-secretário da Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), Dácio Queiroz da Silva, rechaça qualquer acusação de que o agronegócio possa ser responsabilizado pela não demarcação das reservas indígenas. Ele reclama do tamanho das extensões pretendidas e da falta de indenizações.

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"O que ocorre são pretensões descabidas de proporções descabidas de calibre megalomaníaco, onde há terras muito férteis de grande valor agregado econômico, enfatiza o dirigente agrícola. De maneira nenhuma se pode abrir mão em detrimento de poucos das comunidades que pretendem se instalar e levar ao ócio essas terras e levar ao estado primitivo da condição de caça e pesca, afirmou.

Não existe nenhuma previsão orçamentária de indenizações. Este é o problema porque não avançam as demarcações, falou. O que está impedindo é a falta de proteção do proprietário particular privado sobre a falta de demarcações e as megadimensões, disse. Para Dácio Queiroz, a forma como se interpreta a legislação traz no seu bojo a nulidade de escrituras das terras privadas onde existe a projeção de interesse dos índios.

Na opinião do diretor da Famasul, a qualidade de vida dos índios seria melhor se lhes fosse dado alternativa de emancipação, e eles poderem fazer uso de sua liberdade como os demais, principalmente, nas zonas urbanas e nos núcleo rurais, onde há mais empregos, afirmou.