O diretor da Biblioteca Pública do Paraná (BPP), Cláudio Fajardo, fez um apelo ontem para que a população de Curitiba colabore com informações que possam ajudar na recuperação das 120 obras furtadas das prateleiras da Seção de Livros Raros e Periódicos. A retirada das obras foi percebida no começo de outubro, mas o furto só foi noticiado nesta semana. "Deixamos as informações em sigilo por tanto tempo para tentar pegar o ladrão em ação", conta Fajardo. O caso está sendo investigado pelo Centro de Operações Policiais Especiais (Cope).
O diretor cogita a hipótese de que todas as 120 obras raras tenham sido levadas de uma só vez, durante um fim de semana, com a participação de algum funcionário da instituição e de alguém da empresa de segurança do prédio, que é terceirizada. "Vamos ver a responsabilidade da empresa de segurança e já estamos colhendo depoimentos para uma sindicância interna." Durante os fins de semana, fora do horário de expediente, apenas um guarda, por turno, é responsável pela segurança de todo o prédio.
Em uma pesquisa na internet, funcionários da biblioteca constataram que o valor médio de cada livro varia entre R$ 60 e R$ 3,5 mil. O prejuízo total é estimado em R$ 500 mil. Dentre as obras roubadas está uma coleção de 12 volumes escrita pelo naturalista francês Georges Louis Leclerc Buffon, de 1733, que é considerada a quinta mais importante do acervo. "Não há um gênero específico. Foram furtadas obras de literatura, biologia, descrição de paisagens. Nitidamente as obras foram escolhidas para atender colecionadores. Há uma coincidência de títulos com obras que já foram furtadas na Biblioteca Nacional, Arquivo Nacional e no Itamaraty", revela o diretor da biblioteca. Nenhuma das obras foi microfilmada e o único registro delas eram as fichas de catalogação.
O principal suspeito para o furto é um homem aparentando 20 e poucos anos, que se identificava como estudante de Cinema e Biblioteconomia, tirava fotos com o telefone celular, fazia anotações e, às vezes, estava acompanhado de um homem mais velho e uma mulher. Ele sempre usava uma capa. Durante vários meses, freqüentou a sala de livros raros, que era pouco procurada. Em média três a quatro pessoas do total diário de 3,5 mil visitantes vão o local. Os livros do local, ao contrário do restante do acervo, não possuem sistema anti-furto, que acusa com um alarme quando um deles sai do prédio sem ser registrado.
Serviço: informações sobre as obras furtadas podem ser repassadas pelo telefone (41) 3224-0575.