• Carregando...
Maria Alice disse que outras pessoas de sua família dirigem o veículo e que errou ao não informar o nome dos condutores | HEDESON ALVES - GAZETA DO POVO
Maria Alice disse que outras pessoas de sua família dirigem o veículo e que errou ao não informar o nome dos condutores| Foto: HEDESON ALVES - GAZETA DO POVO

Com menos de um mês à frente do cargo, a diretora em exercício da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Maria Alice Nascimento Souza, teve de dar satisfações ao Ministério da Justiça, à qual é subordinada, sobre a suspensão de sua carteira de habilitação pelo Departamento de Trânsito (Detran) do Paraná, por ter acumulado 30 pontos relativos a infrações de trânsito. O Ministério se deu por satisfeito, mas o episódio, se não a derrubou, não a ajuda a se manter no cargo.

Pela assessoria, o ministério informou que Alice foi designada diretora interina em 28 de março passado, após a queda do inspetor Hélio Derenne, até a escolha do novo titular, que ainda não está definida. A punição do Detran paranaense, conforme reportagem divulgada no domingo no Fantástico, da TV Globo, foi por conta de infrações cometidas entre dezembro de 2008 e dezembro de 2010. A medida comporta recurso porque a pontuação tem validade de apenas um ano, a partir da data da infração.

Em nota à imprensa, Alice explicou que o veículo multado é de uso de toda a família e que a suspensão não lhe cria obstáculos ao exercício do cargo. O Ministério informou que a punição a Maria Alice é um episódio de natureza pessoal, sobre o qual só cabe a ela dar explicações e ratificou que o fato não afeta sua condição de diretora interina.

Natural de Foz do Iguaçu, ela entrou na PRF na década de 1980, como motociclista e é a primeira mulher a ocupar cargo de chefia na instituição. Seu estilo arrojado de trabalho inspirou a personagem "Alice, a Patrulheira", de uma História em Quadrinhos que fez sucesso nos anos 1990. Ela assumiu o cargo no lugar de Derenne, apadrinhado do senador Roberto Requião (PMDB-PR), que estava havia nove anos na função.

Conduta

Para o sociólogo Marco Rossi, da Universidade Norte do Paraná, a atitude da diretora da PRF não é compatível com seu cargo. "O discurso de orientação acaba sendo desacreditado pela prática. Se as autoridades acima dela [Maria Alice] forem competentes como ela não foi, devem desligá-la", afirma.

Opinião semelhante tem o professor do departamento de Filosofia da Universidade Federal do Paraná Vinicius Figueiredo. "Não importa muito o ponto de vista legal, mas o político. O cargo dela é representativo. Não é separável o público do privado", afirma. "As pessoas esperam que a diretora-geral da PRF não seja flagrada em irregularidades de trânsito. Toda pessoa que exerce um cargo público tem que saber disso".

Já o advogado especialista em trânsito Marcelo Araújo não crê que a situação impossibilite a diretora de atuar. "Ela não foi flagrada dirigindo. Desde que ela não dirija, não está incorrendo em crime algum. O que ela deve fazer é não dirigir, entregar a carteira e fazer reciclagem."

Falha

Em nota, a PRF informou que a diretora vai cumprir a determinação legal. Na nota emitida ao Fantástico, Maria Alice disse que outras pessoas de sua família dirigem o veículo e admitiu que falhou ao não apresentar em tempo hábil os condutores do veículo quando as infrações foram cometidas.

Maria Alice assumiu a direção da PRF interinamente, no lugar do ex-diretor Hélio Cardoso Derenne, no dia 28 de março deste ano. Derenne pediu exoneração do cargo após uma reportagem do Fantástico mostrar ausência de fiscalização, atos ilícitos nas rodovias federais e mau uso de recursos públicos pela PRF. Até então, Maria Alice, que é natural de Foz do Iguaçu, comandava a superintendência regional da PRF no Paraná. Na segunda-feira, ela explicou a situação ao Ministério da Justiça, ao qual a PRF é subordinada.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]