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Colégios particulares de Curitiba estão oferecendo uma determinada quantia em dinheiro para escolas de educação infantil com o objetivo de captar alunos para o 1.° ano do novo ensino fundamental de 9 anos. A denúncia é feita por diretoras de pré-escolas, que estão indignadas com a postura agressiva e antiética de instituições de ensino de grande porte, cuja missão primordial deveria ser ensinar valores humanos às crianças.

O alvo do assédio são as crianças de 5 anos de idade que cursam o Jardim II neste ano e fazem 6 anos entre 2 de março e 31 de dezembro de 2007. Pela lei, elas deveriam ser matriculadas no Jardim III em 2007, última etapa da educação infantil. Mas muitas escolas estão inscrevendo crianças do Jardim II no 1.° ano do ensino de 9 anos – num flagrante desrespeito às regras debatidas e aprovadas pelos conselhos nacional e estadual de educação.

"Há escolas que falam o seguinte: feche sua turma de 5 anos e manda tudo para nós que a gente pode lhe dar um prêmio. Elas oferecem R$ 1 mil para a escola por criança encaminhada", diz a diretora da Escola Palmares, Emília Guimarães Hardy, que ficou sabendo do caso por outras diretoras que têm medo de aparecer. O problema é que a medida atinge economicamente as pré-escolas, que podem perder dezenas de alunos no ano que vem pelo fato de não oferecerem o ensino fundamental. "Está havendo uma disputa de mercado grande e muito disso por causa da desinformação", completa ela, que esclarece que a Palmares não foi assediada porque tem ensino fundamental.

A pressão exercida pelas grandes redes não atinge apenas as escolas diretamente. Pais de alunos que mantêm crianças de 5 anos em instituições de ensino de menor porte também estão sendo assediados para mudar seus filhos de escola já em 2007, sob risco de "não haver vagas em 2008" no 1.° ano do ensino de 9 anos.

Revoltadas com o descumprimento da lei e com o que consideram um desrespeito ao aprendizado das crianças, donas de 26 escolas de educação infantil da capital se uniram para cobrar do Conselho Estadual de Educação uma posição firme para coibir esse tipo de abuso. "Estamos pensando em primeiro lugar no bem-estar dessas crianças. Elas não podem pular etapas da educação e servir de cobaias para os grandes colégios implantarem o ensino de 9 anos", diz a diretora da pré-escola Porto Seguro, Dorajara da Silva Ribas. "Educação não é um comércio, temos responsabilidades com as nossas crianças e a lei está aí para ser cumprida. Por isso não aceitamos o que está ocorrendo", diz a diretora da pré-escola Toribitaba, Sandra Mara da Silveira. "Nosso objetivo principal é cobrar o cumprimento da lei e alertar os pais sobre o que está ocorrendo, porque hoje muitos deles estão recebendo informações que não são verdadeiras sobre o ensino de 9 anos", completa a diretora da pré-escola Ponto a Ponto, Edna Pigol.

Algumas das 26 escolas admitem ter recebido propostas para transferir alunos de 5 anos, mas, dizem elas, foram prontamente recusadas. "Jamais me prestaria a um papel desse. Mas isso tem ocorrido sim e com muitas pré-escolas", endossa Jussara Pazin, diretora da Pré-escola Cindy. O grupo ameaça entrar na Justiça para garantir os direitos de seus alunos por uma educação ética e de qualidade. "As grandes escolas estão desinformando os pais e prometendo algo que não podem cumprir. Elas falam para matricular agora que depois eles regularizam a situação. Por isso o que queremos é esclarecer os pais que isso é ilegal e os colégios estão cometendo uma irregularidade", explica a diretora da pré-escola Brinquedo e Cia, Rosana Becker.

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