Em Umuarama, estrada é engolida por erosão| Foto: Reprodução Paraná TV

Projeto propõe fim da reeleição a partir de 2012

Brasília – Muitos parlamentares têm amplo alcance político. O deputado José Rocha (PFL-BA), por exemplo, apresentou em plenário uma proposta de emenda constitucional (PEC) que acaba com a possibilidade de reeleição para presidente, governadores e prefeitos a partir de 2012. Ou seja, preserva o direito de os atuais prefeitos e governadores disputarem mais um mandato.

A animação de começo de mandato, no entanto, não produz garantia de aprovação dos projetos. Normalmente, os projetos enfrentam uma tramitação dentro da Câmara. Apesar das dificuldades para fazer um projeto ser aprovado na Câmara, seus autores não desanimam. José Rocha acha que sua proposta para o fim da reeleição tem grande aceitação. "Muita gente está a favor de terminar com a possibilidade de reeleição para cargos de Poder Executivo. Como minha proposta vale a partir de 2012, isso permite que os atuais governadores e prefeitos possam ainda se recandidatar. Assim, as resistências que poderiam haver diminuem significativamente", avalia.

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Brasília – Primeira semana é assim. Novas regras, boas intenções, promessas de rigor na cobrança de presença dos parlamentares. Para os novatos, é tempo de discursos de apresentação e agradecimento pelos votos. Entre segunda e sexta-feira (de 5 a 9 de fevereiro), na semana inaugural de trabalho da nova Câmara, foram 168 pronunciamentos. O mais rumoroso, claro, foi o do estilista Clodovil Hernandes (SP), do pequeno PTC. Marinheiro de primeira viagem, subiu à tribuna para discursar e queria atenção. Ou, pelo menos, silêncio. Os colegas como sempre alheios ao discurso, conversavam, riam, cochichavam. "Parece um mercado", reclamou o orador. Interrompido pelo presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), porque já tinha excedido o tempo regulamentar, Clodovil chamou-o de mal-educado.

"Há quanto tempo você não vê a Casa cheia desse jeito numa quinta-feira?", surpreendeu-se o deputado Mário Negromonte (BA), veterano de quatro mandatos, líder da bancada do PP. A presença registrada de 462 deputados era resultado de uma medida adotada por Chinaglia. Às quintas-feiras, as votações passaram da manhã para a tarde. Com isso, o enorme Salão Verde estava lotado naquele fim de tarde, na primeira semana de trabalho da nova legislatura. Em outros tempos, estaria deserto.

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Nos três dias de votação os deputados compareceram em peso. Não os 513, como no dia da posse, mas 455 no primeiro dia, 486 no segundo e 462 no terceiro. O plenário tem menos cadeiras do que o número de deputados. Não importa, muito poucos ficam sentados. Eles circulam o tempo todo entram e saem, vão ao cafezinho. Fumantes como Ciro Gomes (PSB-CE) e José Genoíno (PT-SP), entre muitos outros, concentram-se no quadradinho envidraçado reservado para eles. É a turma da fumaça.

O brochinho na lapela identifica os deputados. Dos mais conhecidos, como o ex-prefeito Paulo Maluf (PP-SP) e o cantor Frank Aguiar (PTB-SP), ao recém-chegado Lindomar Garçon (PV-RO), ex-prefeito de Candeias do Jamari, que adotou a profissão como nome de guerra na política. "Companheiro de primeira viagem se perde nos corredores", reconheceu Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (PDT-SP), veterano no sindicalismo, mas calouro na vida parlamentar.

Não foram só as sessões que agitaram a primeira semana da nova legislatura. Os deputados negociaram cargos nas comissões permanentes da Câmara, cobiçadas pela importância dos presidentes, pelos cargos em comissão, pela prerrogativa de convidar e até convocar ministros.

Ainda discreto na volta ao Congresso, depois do prestígio de ter sido um dos mais importantes ministros do governo Lula e da saída desgastante por causa do envolvimento no escândalo da quebra de sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa, o ex-comandante da economia Antônio Palocci mostra humildade quando questionado sobre seu papel na Comissão de Finanças: "Se tiver uma vaguinha para mim, eu aceito".

No Senado, a sensação foi a volta do ex-presidente Fernando Collor de Melo (PTB-AL). Foi a mesma Casa que cassou seus direitos políticos por oito anos, em 1992. Eleito, foi cumprimentado por todos os colegas, da petista Ideli Salvatti (SC) ao antigo aliado Renan Calheiros (PMDB-AL) – que na solenidade de posse cometeu o que foi interpretado como um ato falho ao pular o nome de Collor na leitura da lista dos nomes dos recém-chegados.

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Eleito pelo PRTB, Collor se bandeou para o PTB na primeira semana da legislatura. O senador promete nitroglicerina pura para o mês que vem. Garante que, no primeiro discurso em plenário, vai contar sua versão da crise que o tirou do governo. Um golpe, na visão do senador.

Com apenas uma semana de trabalho, é impossível apontar os parlamentares que se destacarão pela atuação parlamentar, pela excentricidade, pelos discursos inflamados ou por envolvimento em algum escândalo. Por enquanto, na Câmara, há apenas uma certeza: aos 46 anos, a capixaba Rita Camata (PMDB) arranca muito mais suspiros dos nobres deputados do que Manuela D’Ávila (RS), de 25, a musa do PC do B.

Interatividade

Você concorda com o fim da reeleição a partir de 2010? Escreva para leitor@gazeta dopovo.com.br. As cartas selecionadas serão publicadas na Coluna do Leitor.