Depoimento
"Nossa menina ainda chora, mas de fome é que não é"
Nada é mais desesperador do que ver sua filha, recém-nascida, chorar. Ainda mais quando a suspeita é de que ela esteja com fome. Sou pai da Laura, nascida no último dia 20 de novembro, e vivi essa situação logo nos primeiros dias após minha mulher receber a alta.
O primeiro diagnóstico da fome foi dado por uma enfermeira, serviço previsto pelo plano de saúde, que visitou nossa casa para nos ajudar com os primeiros dias de vida da nossa filha. A informação foi importantíssima e ela ainda ensinou minha esposa, a Raquel, a massagear as mamas para aliviar o ingurgitamento.
A recomendação para comprar uma bomba para a ordenha, porém, não foi a melhor. Após horas tentando eliminar o excesso de leite, o máximo que a Raquel conseguiu extrair foi 10 ml o que aumentou sua sensação de que o produzia pouco.
Após momentos de aflição, encontrei o telefone do Proama. A atendente repassou as lições das massagens e pediu que deixássemos de usar outros produtos. Pediu também que fôssemos pessoalmente à unidade no dia seguinte. Após a visita, o ingurgitamento se desfez e a Laura se saciou com o leite da mãe. Hoje, nossa menina ainda chora, porque isso é normal, mas de fome é que não é.
Ingurgitamento, fissuras e intolerância a proteínas como a caseína. Termos incomuns a mamães de primeira viagem, mas que podem passar a atormentá-las logo após o nascimento do tão aguardado filho. Como o desespero e chupeta quase nunca são os melhores remédios, um programa da prefeitura de Curitiba presta atendimento 24 horas por dia para auxiliar a amamentação correta e evitar que o leite materno seja descartado.
O programa, denominado Proama, faz parte do pacote de serviços da unidade Mãe Curitibana e realiza, em média, 200 atendimentos por mês. No horário comercial, a orientação pode ser presencial ou pelo telefone. Para aquelas noites mal dormidas, há um número de celular disponível 24 horas.
A empresária Mônica Aparecida Wutkiewicz, 33 anos, deu à luz no início de novembro e passou 35 dias sem entender o que acontecia com o seu leite. A preocupação não era à toa. Entre a saída da maternidade e a primeira quinzena de dezembro, o menino Anderson Filho ganhou pouco mais de 30 gramas chegando a 2,170 Kg. O ganho de peso, que ela considerava abaixo do esperado, a levou a complementar a alimentação do bebê com uma fórmula artificial.
A causa do refluxo, entretanto, continuava indecifrável. O mistério foi desfeito apenas após uma visita à unidade Mãe Curitibana. No último dia 11, a pediatra Claudete Class, coordenadora do Proama, precisou de poucos minutos para diagnosticar o problema: intolerância do bebê a caseína, uma proteína presente no leite de vaca e que ia direto para o leite materno, devido à dieta da mãe.
Com o diagnóstico, Claudete entregou aos pais do bebê Mônica e Anderson Habimoski uma lista com receitas livre de leite elaborada pelo curso de nutrição da Universidade Federal do Paraná (UFPR), a ensinou a melhor posição para amamentar e também massagens para evitar o ingurgitamento, que ocorre quando há excesso de leite no peito.
Monica e Anderson vivenciaram uma situação bastante comum aos usuários do Mãe Curitiba: se perdem em informações desencontradas e acabam usando produtos que afastam o bebê do seio da mãe. "Às vezes, algumas maternidades e a internet acabam mais atrapalhando do que ajudando nesse processo. O Ministério da Saúde recomenda que toda mãe saia da maternidade sabendo a auto-ordenha, mas isso não ocorre. Produtos como bicos de silicone e conchas de amamentação, por exemplo, mais atrapalham do que ajudam", diz Claudete.
A pediatra ainda reforça a importância do leite materno. "Ele evita em 13% o risco de morte prematura e doenças futuras, com as cardiovasculares e diabetes. Além disso, a amamentação ajuda a mãe a voltar ao seu peso normal e evita sangramentos".
Serviço
O Proama fica na Unidade de Saúde Mãe Curitibana (Rua Jaime Reis, 331, São Francisco). Das 7 às 17h, sem necessidade de pré-agendamento. Telefones (41) 3225-6407 (horário comercial) e (41) 9951-3987 (atendimento 24 horas). Oficinas de amamentação, terça-feira, às 7h30.
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