Disputa emperra escola de informática

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Há dois anos Sirene de Matos tenta implantar uma escola de informática no Clube de Mães Estrela, por ela presidido no Jardim Soletude II, no bairro Cajuru. Preparou-se tecnicamente, ampliou o espaço físico e agora só resta assinar convênio com o Comitê para a Democratização da Informática (CDI), organização não-governamental que atua no combate à exclusão digital em áreas carentes. Mas Carla, como prefere ser chamada, enfrenta resistência. Dois outros clubes de mães lutam contra a iniciativa. Por trás, diz ela, está a disputa entre a Federação das Associações de Moradores de Curitiba e Região Metropolitana (Femoclam) e sua rival Femotiba.

Os clubes de mães da Vila das Tores e da Vila Audi migraram para a Femotiba logo após desligarem-se da Femoclam, em abril deste ano. Carla diz estar sendo perseguida por ambos porque continua filiada à antiga federação. Os dois clubes ameaçam romper o termo de compromisso com o CDI caso Carla implante sua escolinha de informática. A presidente do Clube de Mães da Vila Audi, Sueli, argumenta que duas escolinhas próximas criariam concorrência na região. Ela confirmou que se Carla abrir outra vai romper o convênio e utilizar software livre, dispensando a assistência técnica que o CDI oferece.

Já o vice-presidente da Femotiba, Timóteo Borges de Campos, contemporiza a disputa. Segundo ele, o Clube de Mães da Vila das Torres já pretendia romper o acordo com o CDI alegando falta manutenção dos computadores. "Em vez de abrir uma (escola) do lado, por que não fortalecer as que já existem?", questiona. O CDI diz que faz a manutenção das máquinas que cede às instituições. Nesse caso, o clube de mães substituiu os computadores do CDI por outras máquinas conseguidas em doações de empresas.

Carla já tem pronto o espaço onde pretende instalar os cinco computadores que o CDI irá ceder. O clube funciona na casa dela e o lugar foi ampliado depois da morte dos pais. O Clube de Mães Estrela tem como padrinho o Rotary Clube Vila das Torres, mas recebe muitas doações da Fundação de Assistência Social (FAS), ligada à prefeitura. Carla já tem 70 famílias carentes cadastradas para receber cestas de Natal.