No início dos anos 60, os cafeicultores da região de Maringá precisavam só abrir a janela para apreciar sua riqueza. Os cafezais desapareciam nas curvas das estradas e nas dobras dos morros. No entanto, bastava uma noite de geada para que eles acordassem mais pobres e passassem a enfrentar a rejeição do mercado. Num desses dias ruins, mais precisamente em 27 de março de 1963, 37 cafeicultores decidiram reduzir riscos. Fundaram uma cooperativa, para eliminar os intermediários. Mas, como a atividade ia mal, a Cocamar logo ficou endividada e, para contornar o problema, teve que diversificar sua produção.
Essa disposição para correções de rumo, que deu o primeiro contorno à empresa, ainda é um bom referencial para o agronegócio, afirma o presidente da Cocamar, Luiz Lourenço.
Há 25 anos na cooperativa, ele foi o principal defensor da aposta no varejo, que deu novo rumo à empresa na década passada e hoje garante 25% de seu faturamento. Os investimentos daquela época agora fazem sombra sobre as lavouras dos 6,5 mil cooperados (70% mini e pequenos produtores) e 2 mil funcionários. Fábrica de óleos vegetais, indústria de suco, torrefadora de café, fábrica de maionese, atomatados e molhos prontos crescem ao lado da produção agrícola. As incertezas, porém, são inerentes ao agronegócio, diz Luiz Lourenço, que é o convidado da próxima terça-feira do ciclo de palestras Papo de Mercado, promovido pela editoria de Economia da Gazeta do Povo.
Lourenço considera que o setor vive um contínuo movimento que exige observação atenta dos produtores. Em sua avaliação, a queda nos custos de produção e as cotações favoráveis ao milho e à soja verificadas nos últimos dias indicam que o agronegócio está saindo do atoleiro, mas não há como prever até onde segue esse movimento positivo. "Passamos no começo de 2005 pela pior fase da agricultura dos últimos anos. Agora estamos crescendo, saímos da área de prejuízo para a do resultado. Mas não temos como saber quando ocorrerá o pico do crescimento", diz.
Para reduzir o impacto das oscilações do mercado, Luiz Lourenço aponta a criação de "antídotos", que têm dado certa estabilidade à Cocamar. "Não podemos dizer que toda a agricultura foi mal no último ano. O café e a laranja, por exemplo, vão bem. Além disso, há antídotos como os produtos no varejo, que não estão melhor por causa da queda no consumo." A cooperativa que distribui suas mercadorias industrializadas para São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul planeja investir em produtos que possam ampliar e diversificar os resultados das indústrias já construídas.
Serviço: O presidente da Cocamar, Luiz Lourenço, é o primeiro representante do agronegócio a participar do Papo de Mercado em 2006. Ele falará para convidados na terça-feira, às 8h30, no Buffet du Batel, em Curitiba.
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