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Brasília (Folhapress) – O PMDB tomou ontem uma atitude típica do PMDB: manteve a prévia que indicará o candidato a presidente no domingo, mas já agendou uma convenção nacional para 8 de abril que poderá revogar o que os delegados decidirem. Em resumo, o PMDB pode escolher um candidato no dia 19 e decidir que não tem candidato nenhum no dia 8 de abril.

Num ato ontem de manhã com vários peemedebistas favoráveis às prévias, os governistas do partido foram hostilizados. "Quem dá mais, quem dá mais, o Renan vai atrás", gritavam militantes segurando notas de R$ 1 e de R$ 10 nas mãos.

Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, defende a tese de o partido não ter candidato a presidente.

A disputa do PMDB tem como pano de fundo a verticalização – que obriga as alianças nos estados a respeitarem o que é acertado no plano nacional e pode ser mantida neste ano por decisão do Supremo Tribunal Federal. Nesse caso, se o partido tiver candidato a presidente, ficariam inviabilizadas muitas alianças estaduais.

Como contavam com a queda da verticalização, os dirigentes partidários deram gás aos pré-candidatos Anthony Garotinho (RJ) e Germano Rigotto (RS).

Com essa pressão, mesmo para a ala governista do PMDB ficou difícil defender em público não ter candidato. A solução foi deixar que as prévias sejam realizadas. Depois, à luz da decisão do STF, fazer uma convenção para ver o que os dirigentes querem de fato.

Irritação

Os fracassos da ala governista tem deixado o presidente Luiz Inácio Lula da Silva furioso. Além da degola do líder na Câmara, Wilson Santiago (PB), substituído pelo oposicionista Waldemir Moka (MS) por ter participado da articulação fracassada, um colaborador de Lula afirma que os governistas tiveram de amargar a irritação presidencial com os dois ministros indicados pelo grupo: o senador Hélio Costa (Comunicações) e o deputado Saraiva Felipe (Saúde).

Lula não se conforma com o fato de a bancada mineira ter aderido em massa ao requerimento que propôs a troca do líder. Assessores presidenciais dizem que o que mais incomoda o chefe é o fato de os ministros não terem "movido um dedo" para evitar a adesão dos sete deputados federais de Minas. Para desgosto dos próprios líderes governistas, em que se destacam o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), e o senador José Sarney (AP), os mineiros também assinaram um manifesto em favor da candidatura própria do partido ao Planalto, que ameaça arrastar a disputa presidencial a um segundo turno.

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