A APP-Sindicato, entidade que representa os servidores da educação do Paraná, avalia que a categoria segue dividida para a assembleia que deve ocorrer nesta terça-feira (9), quando será votado o fim ou não da greve a partir de uma proposta de reajuste salarial apresentada na última quarta-feira (3) pelo governo estadual. De modo geral, dirigentes do sindicato contam que a proposta do Executivo não agradou a categoria. Ainda assim, o fim da greve não está descartado.
“Nós temos várias avaliações. Tem muita gente achando a proposta ruim e defendendo a continuidade da greve. Mas tem muita gente que também não gosta da proposta e quer voltar para as salas de aula. Então há um entendimento de que, se a gente voltar, é em respeito aos estudantes, não ao governador (Beto Richa)”, analisa Luiz Fernando Rodrigues, diretor de comunicação da APP-Sindicato.
Os dirigentes sindicais estão em reuniões com professores do interior desde quinta-feira (4). Nesta segunda-feira (8), às 15 horas, na sede da APP-Sindicato em Curitiba, o comando estadual da greve se reúne para consolidar as avaliações dos docentes. “A categoria está bem dividida. Mas, na assembleia, quem decide é a maioria. Tudo será colocado em votação”, explica Rodrigues.
A assembleia será realizada no estádio da Vila Capanema, em Curitiba, nesta terça-feira (9), às 8 horas. O sindicato espera reunir mais de 10 mil pessoas. A previsão é encerrar a assembleia até as 12 horas.
A Secretaria Estadual de Educação (Seed) já confirmou que houve o desconto nos salários de cerca de 20 mil funcionários relativos a quatro dias de faltas no mês de abril. Em nota a pasta impôs uma condição para que haja pagamento desses dias em folha complementar. Haverá reembolso, segundo a Seed, se “houver a entrega dos RMFs até o dia 12 de junho.” Além disso, será necessário que sejam elaborados e homologados “todos os calendários das unidades escolares pelas chefias dos NREs. A data limite para entrega dos calendários é dia 19 de junho.”
A pasta também se comprometeu a não abrir processos administrativos contra diretores de escolas, “desde que eles entreguem os RMFs (relatórios mensais de frequência) dos profissionais da educação (professores e funcionários) referente aos meses de abril e maio até 12 de junho, e de junho até o dia 5 de julho.” A secretaria diz ainda que “as faltas de maio e junho serão negociadas mediante reposição das aulas e compensação da carga horária dos funcionários.” Outro ponto mencionado é que “não serão feitas rescisões para contratos de professores temporários em função das faltas durante o período de greve.”
45 dias de greve
Esta segunda fase da greve dos professores completa 45 dias nesta terça-feira (9). Na primeira etapa da paralisação, entre fevereiro e março, foram 29 dias. A greve também conta com a adesão de funcionários de escolas. No total, são 72 mil professores efetivos; 20 mil professores temporários; e 28 mil funcionários (administrativos e auxiliares de serviços gerais).
Diretamente, a greve atinge mais de 1 milhão de alunos em todo o Paraná, matriculados em 2.153 escolas da rede estadual e outras 438 conveniadas.
Retrospectiva
Desde fevereiro, sindicato dos educadores e o governo estadual protagonizam uma queda de braço sem precedentes. A ação violenta da Polícia Militar contra os docentes em 29 de abril chegou a superar o emblemático episódio da cavalaria oficial contra os professores em 30 de agosto de 1988, durante a gestão Alvaro Dias (PSDB).
A greve dos professores também se estendeu ao Judiciário, que determinou o retorno dos professores às salas de aula. Mas, disposta a recorrer até a última instância contra a liminar, a APP-Sindicato seguiu organizando protestos. Houve de acampamento em frente ao Palácio Iguaçu até café da manhã preparado na porta da casa de deputados estaduais e do governador Beto Richa (PSDB).