Um extenso estudo envolvendo 45 mil mulheres mostrou que o teste para detecção do DNA do vírus HPV, associado ao exame preventivo ginecológico, é mais eficiente para o diagnóstico precoce das lesões que podem levar ao câncer do colo do útero em relação ao papanicolau-padrão. O trabalho, realizado por uma equipe da VU University Medical Centre, em Amsterdã, acompanhou as mulheres por cinco anos e é o mais consistente publicado até hoje demonstrando essa correlação. O estudo foi publicado na revista The Lancet Oncology.
A associação dos métodos apresentou maior eficiência na detecção precoce dos indícios desse tipo de câncer, reduzindo de 0,07% para 0,02% a incidência da doença no grupo analisado. Baseado nessa evidência, os pesquisadores sugerem que os serviços de saúde incluam o exame do HPV entre os procedimentos ginecológicos de rotina de mulheres com mais de 30 anos. No Brasil, o protocolo médico padrão indica esse procedimento apenas para pacientes que apresentaram resultado suspeito no papanicolaou.
Segundo o médico César Eduardo Fernandes, presidente da Associação de Obstetrícia e Ginecologia de São Paulo, os resultados apresentados pelo estudo são de fato sólidos. "É o tipo de trabalho que orienta a formulação futura de novos procedimentos médicos", diz. Porém, defende que, antes de se pensar em adicionar mais um exame à rotina preventiva, seria necessário aperfeiçoar os métodos atuais de coleta e análise, considerando a realidade brasileira. Há regiões do país em que até 60% das amostras não podem ser analisadas por falhas nessas etapas.
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