Economia
Com hiperinflação, Brasil teve seis moedas em apenas oito anos
A partir de 1986, o cruzeiro é novamente substituído pelo Plano Cruzado, durante o governo de José Sarney. Foi a primeira de um total de seis mudanças que o país registrou até a implantação do Plano Real, em 1994. Por causa de uma inflação que alcançou 200% ao ano, foi realizada mais uma alteração monetária no país. "A inflação chegava a 2% ao dia. De manhã os produtos tinham um preço e à noite outro", relata o professor Másimo Justina. Mil cruzeiros passaram a valer 1 cruzado no fim de 1986.
Segundo o professor de Economia da Universidade Federal do Paraná, Marcelo Curado, não havia razão prática em alterar a moeda. "A medida não incluía mudança de plano econômico, era só cortar zeros e o nome da moeda. Não havia proposta concreta", ressalta. Em 1989, com uma inflação de 1.000% ao ano, a mesma tática foi adotada e entrou em vigor o cruzado novo, que durou somente um ano.
Em 1990, já no governo de Fernando Collor de Mello, o cruzeiro é "ressuscitado".
Três anos depois, entrou em vigor a moeda que funcionou como transição para o real. No governo de Itamar Franco, o cruzeiro sofreu outro corte de zeros e virou cruzeiro real. No fim de 1993, criou-se um indexador único, a unidade real de valor (URV). Em julho de 1994, o real é implantado no país um Real valia CR$ 2.750. "Esse foi o único plano que não correspondia só a tirar os zeros, mas também estabelecia metas de controle da inflação e também a adoção de uma moeda estável que dura até hoje", salienta Curado.
Numismática
A exposição Dinheiro e Honraria: o Acervo de Numismática do Museu Paranaense composta por cerca de 600 objetos, entre moedas, cédulas, medalhas, condecorações, fichas, jetons e outros itens relacionados mostra parte da trajetória do dinheiro no país e no mundo. Entre as moedas mais antigas estão exemplares de 269 a.C. da Roma Antiga, do Japão, datada do século 18, e da Pérsia Antiga.
Dos exemplares brasileiros, há moedas desde o período colonial, que circularam no século 17, passando pelos réis que circularam na época do Império até a chegada do real. Também estão expostas medalhas do Brasil e de outros países. Há destaques para diversas condecorações especiais do Império Brasileiro, de Portugal, Turquia, China, entre outros países. A exposição deve seguir no Museu Paranaense até 2015.
Serviço
Onde: Museu Paranaense, Rua Kellers, 289, São Francisco. Horário De Visitação: de terça a sexta-feira, das 9 às 18 h. Aos sábados, domingos e feriados, das 10 às 16 h.
Um punhado de conchas em troca de um escravo africano. Um peixe por uma espiga de milho. Um pedaço de pano por um naco de tabaco. O escambo, prática em que mercadorias, animais e especiarias possuem valor de moeda, foi implantado pelos portugueses assim que chegaram ao Brasil, em 1500. Era o início da história do dinheiro no país.
A carta de Pero Vaz de Caminha, primeiro registro sobre a chegada da frota de Pedro Álvares Cabral em terras tupiniquins, chega a descrever a troca inaugural no Brasil: equipamentos do navegante por colar e cocar de indígenas. Os 3 milhões de índios que viviam no país, acostumados com a economia de subsistência, estranharam os costumes estrangeiros. Mas foram eles, explorados pelos colonizadores, que fizeram do pau-brasil a primeira moeda de troca oficial em nossa terra. Os indígenas retiravam e entregavam a madeira aos colonizadores em troca de miçangas, tecidos, facas e outros objetos.
FOTOS: Veja mais imagens da exposição Dinheiro e Honraria
Panos de algodão, açúcar e tabaco eram outras moedas comuns na nova colônia portuguesa. O gado bovino foi um dos mais utilizados no escambo. Pequenas conchas do mar, que funcionavam como moeda no Congo e Angola, foram usadas na compra de escravos, como visto no início da reportagem.
Metal
Paralelo às mercadorias, as moedas de metal circulavam no Brasil colonial. A primeira foi os réis, unidade monetária de Portugal nos séculos 15 e 16. Com a formação da União Ibérica (1580-1640), verificou-se um fluxo grande de moedas de prata espanholas (reales). As moedas de réis portugueses eram as mesmas usadas na metrópole, oriundas de diversos reinados e possuíam, às vezes, denominações próprias, como português, tostão e vintém.
Nesse período, a moeda brasileira se formava de modo aleatório, com outras espécies trazidas por colonizadores, invasores e piratas que comercializavam na costa brasileira. Um exemplo são as moedas holandesas. Cercados pelos portugueses no litoral de Pernambuco e não dispondo de dinheiro para pagar seus soldados, os holandeses realizaram entre 1645 e 1646 a primeira cunhagem de moedas em território nacional. Foram também as primeiras moedas a estamparem o nome do Brasil.
Devido à inexistência de uma política monetária específica na colônia, a quantidade de moedas em circulação era insuficiente. Por esse motivo, as mercadorias permaneciam tendo valor de dinheiro. Em 1614, por exemplo, o governador do Rio de Janeiro estabeleceu que o açúcar corresse como moeda legal, ordenando que os comerciantes o aceitassem obrigatoriamente como pagamento. "Os réis e o escambo funcionaram como moeda durante a colônia. Após a independência, em 1822, e da Proclamação da República, em 1889, os réis seguiram como moeda oficial até 1942. Ou seja, da chegada dos portugueses ao governo de Getúlio Vargas", explica o professor de economia da PUC-PR Másimo Della Justina.
Cruzeiro foi "marketing" de Vargas
O Brasil começava a sofrer os efeitos da Revolução Industrial de 1930 quando, em 1942, o presidente Getúlio Vargas determinou a primeira mudança do nome da moeda brasileira. O real, em vigor desde o período colonial, seria aposentado. Em seu lugar entrou o cruzeiro. Mil réis passaram a valer 1 cruzeiro, sendo o primeiro corte de três zeros na história monetária do país. É aí que surge também o centavo.
Segundo o professor e pesquisador Másimo Della Justina, a mudança da nomenclatura foi uma estratégia de marketing do Estado Novo. "Era para mostrar que o Brasil vivia uma nova era, com a industrialização de São Paulo e Minas Gerais, por exemplo", explica.
O cruzeiro vingou até 1967, quando o governo militar realizou um novo corte de três zeros na moeda para tentar evitar sua desvalorização.
Dessa forma, o cruzeiro novo substituiu o cruzeiro "antigo". Para adaptar as antigas cédulas que estavam em circulação, o governo mandou carimbá-las. Três anos depois, em 1970, os militares voltaram a alterar a nomenclatura da moeda brasileira, chamada novamente de "cruzeiro". "Nesse período, o Brasil enfrentou o chamado milagre econômico (1968-1973), com crescimento de 9% ao ano, mas também crises financeiras, como a volta da inflação", afirma o pesquisador.
Em 1974, veio o chamado Choque do Petróleo o barril passou de US$ 4 para US$ 16. "Os preços eram elevados e esse período da inflação alta acompanhou o Brasil até 1994, quando chegou o real", diz Justina.
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