Há exatamente um ano, o comerciante Wellington Ribeiro Bueno, de 27 anos, foi diagnosticado com morte cerebral. Ele havia sofrido um acidente de carro em Ponta Grossa e estava há dois dias em coma, internado em uma unidade de terapia intensiva.
O dia 27 de agosto de 2007 foi memorável para a família de Wellington, mas não somente pela tristeza e pelo luto. Depois de uma conversa entre os parentes, foi decidida a doação dos órgãos e tecidos (córneas e ossos). "[O gesto] levaria uma luz ao fim do túnel para pessoas que estavam sem esperança", conta uma tia de Wellignton, a bancária Neldi Ribeiro Bueno.
Por causa da doação, hoje as pessoas transplantadas com o coração, fígado, rim e pâncreas, córneas e ossos de Wellington vivem bem, e garantem que serão doadoras quando chegar a hora. "É só os médicos dizerem que eu posso ser", conta Willian Amilton de Oliveira, 23, que sofria de cirrose desde os 15 anos e recebeu o fígado do comerciante enquanto ainda se recuperava da perda por rejeição de outro fígado recém-transplantado.
O comerciante Rudi Miguel Lorenz, de 46 anos, de Marechal Cândido Rondon, no Oeste do estado, foi ao médico em março do ano passado, após longa insistência de sua mulher, para descobrir a razão da perda de apetite e do ânimo. "Meu coração estava com o dobro do tamanho", diz. Com a morte de Wellington, Rudi recebeu um novo coração.
A estudante Lucélia Ferreira do Nascimento, 34, recebeu de Wellington um rim e um pâncreas, que a tiraram da diálise a que era submetida há três anos, em conseqüência da diabete do tipo 1.
De acordo com a Central de Transplantes do Paraná, foram 109 os transplantes realizados com os ossos doados pela família do jovem de Ponta Grossa. Segundo Paulo Alencar, diretor do Banco de Ossos do Hospital das Clínicas, um único doador de ossos pode suprir as necessidades de uma média de 100 pessoas, em cirurgias plásticas, de ortopedia, neurocirugia, odontologia, etc. Mas ele alerta que, para ser possível atender as cerca de 50 mil operações que requerem esse material anualmente, é necessário um grande aumento no número de doações. "Calculamos que se houvesse 500 doadores de ossos por ano, poderíamos chegar mais próximos de atender a demanda atual do país", afirma.
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