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 | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

“Esta roupa é linda. E olha que sou exigente”, afirma Damaris Ferreira Barros, de 47 anos. Alisando o vestido estampado que fez questão de seguir usando mesmo depois de sair do provador, a mulher diz se orgulhar de duas coisas neste mundo: do nome bíblico e das pessoas que se unem para alegrar o próximo, referindo-se a um grupo de voluntários que organiza em Curitiba, nesta terça-feira (20), uma campanha de doação de roupas para pessoas em situação de vulnerabilidade social.

Confira fotos do evento “Moda Compartilhada”

Organizada pelo Sindicato das Indústrias do Vestuário de Curitiba e Sudeste do Paraná (SindiVest), a primeira edição do evento “Moda Compartilhada” surgiu da vontade de proporcionar uma experiência diferente àquelas pessoas que, muitas vezes, não têm a chance de escolher o que quer vestir. A ação mobiliza, além do Sindivest, voluntários do Estúdio Paica e das escolas de moda da Universidade Positivo, Senai e Centro Europeu.

Até o fim desta tarde, cem homens e cem mulheres deverão passar pelo bazar, composto de aproximadamente 2 mil peças de roupas – 1.024 femininas, e o restante, masculinas. Todas as peças foram arrecadadas gratuitamente. Parte veio de indústrias vinculadas ao SindiVest, parte de pessoas que acreditaram no projeto.

“Muitas das pessoas selecionadas pela FAS (Fundação de Ação Social de Curitiba) para estarem aqui nunca tiveram a experiência de ir numa loja, quanto mais num shopping, e a ideia é que a gente consiga mostrar para esse público que eles também têm o direito de ter este prazer. Nossa expectativa é de que esta seja apenas uma primeira edição”, comenta a presidente do SindiVest Letícia Birolli Ferreira.

Assim como Damaris, a do nome bíblico, todos os que ganharam o direito de participar do bazar foram encaminhados pela FAS, da qual dependem por motivos de desemprego ou vulnerabilidade. A ação funciona como uma espécie de grande loja, onde as pessoas podem escolher as peças que querem “comprar” e trocá-las por um vale-moda. Cada pessoa recebe sete vales, ou seja, podem trocar os bilhetes por sete peças que se aproximem do valor total de R$ 100.

A presidente do SindiVest comenta que a proposta do evento se espelhou em uma campanha internacional, a The Street Store (A loja de rua, em tradução literal), que consiste em doação de roupas para a montagem de uma loja informal, na qual quem recebe pode escolher a peça que quer levar. A primeira cidade a receber a campanha foi Cidade do Cabo, na África do Sul, no ano passado. Ao Brasil, a proposta chegou faz pouco tempo, e já teve edições em ao menos cinco cidades, entre elas, Porto Alegre, São Paulo e Brasília.

“Não é só uma questão de se vestir bem”, ressalta uma das voluntárias do projeto, a estudante de moda Victória Rotta, de 21 anos. “A gente que trabalha com moda e convive com esse mercado sabe a importância da imagem pessoal na sociedade. E eles ficam felizes com isso”.

  • Desempregada há 6 meses, Maria Simone da Conceição fica em dúvida: “a gente só escolhe de mentira, pelas vitrines. Aí quando é de verdade a gente fica confusa”.
  • Participantes do bazar foram selecionados pela FAS
  • Voluntários ajudam na escolha; cada pessoa podia escolher até sete peças
  • Prateleiras estavam cheias: jeans, sapatos, vestidos, casacos e vestuário masculino
  • Peças foram doadas por empresas do ramo do vestuário e por pessoas que curtiram a ideia do projeto
  • Cem homens e cem mulheres foram encaminhados pela FAS para participar da ação
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