Dois anos depois
Moradores do Morro Inglês lamentam estragos das chuvas
Os colchões velhos e desencapados da casa de Hortência Cordeiro, 52 anos, revelam a precariedade que ronda moradores da região do Morro Inglês, área rural de Paranaguá, desde as enxurradas de março de 2011. "Por causa da tragédia, perdemos muitas coisas. Esses colchões e cobertores que usamos são daquela época. Não temos escolha. Mas agradeço a Deus por eles, porque senão meus filhos teriam que dormir no chão", diz Hortência.
A situação ainda é pior para o motorista Márcio Vaz Pereira. A casa dele foi interditada pela Defesa Civil e Pereira não pôde tirar nada de dentro do imóvel. "Perdi tudo que conquistei com anos de trabalho. Minha casa está abandonada, interditada. Hoje moro de aluguel", lamentou o motorista.
Reconstrução
De acordo com o líder comunitário do Morro Inglês Márcio Andrioli, situações como a de Hortência e Pereira são comuns em toda a região. "Algumas pessoas que fizeram o cadastro na Defesa Civil para receber doações não foram atendidas desde aquela época. Nossa situação é de total abandono. Não temos água encanada, as pontes da região ainda não foram reconstruídas. Fomos esquecidos", afirma. (OE)
A Guarda Municipal de Paranaguá encontrou há duas semanas dois contêineres cheios de colchões, panelas e roupas de cama que deveriam ter sido entregues para as vítimas das chuvas de março de 2011, mas não chegaram ao destino correto. A doação havia sido feita pela Secretária da Família e Desenvolvimento Social do Paraná à prefeitura de Paranaguá.
Os contêineres estavam esquecidos no pátio de uma empresa privada da cidade e um deles estava com o lacre violado. "Esse material deveria ter sido distribuído às pessoas que necessitam. Entendo que houve negligência do poder público neste caso. Além disso, não havia controle do que poderia ser retirado", disse Cícero Alves Fernandes, secretário de Segurança Pública de Paranaguá.
Uma investigação da Secretaria de Segurança encontrou parte das doações do contêiner violado na casa de um funcionário da prefeitura. De acordo com o órgão, o material foi recolhido e devolvido para o contêiner, que em seguida foi lacrado pela Guarda Municipal.
Fernandes solicitou que as doações fossem encaminhadas para a Secretaria de Assistência Social do município para serem distribuídas para as famílias que foram desalojadas na época. De acordo com o secretário, a denúncia foi encaminhada ao procurador geral do município e deve ser enviada também ao Ministério Público.
Procurada pela reportagem, a ex-chefe de operações da Defesa Civil de Paranaguá, Márcia Garcia, disse que as doações encontradas chegaram na época de campanha eleitoral e, por isso, houve dificuldades para fazer a entrega.
"As doações deveriam ser levadas a cinco locais diferentes e de difícil acesso. No início de outubro a Defesa Civil ficou sem viatura devido à falta de pagamento de locação, o que dificultou mais ainda a situação", disse.
Sobre o fato de haver doações na casa de um funcionário da prefeitura, Márcia afirmou que havia um acordo verbal para guardar o material no local. "Fizemos um planejamento para entregar todas as doações logo após o recesso de fim do ano, mas devido a mudança de governo, isso não foi possível. Depois que entregássemos as doações para todas as famílias iríamos devolver o que sobrasse ao governo do estado", disse.
Tragédia
O deslizamento de morros e o soterramento de casas mataram quatro pessoas no Litoral paranaense em 11 de março de 2011. Além de Paranaguá, as cidades de Morretes, Antonina e Guaratuba foram atingidas.
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