Brincando juntas e compartilhando objetos o tempo todo, crianças são alvos fáceis para gripes, resfriados e outras doenças respiratórias, além da meningite – principalmente no inverno. Nem sempre, no entanto, a melhor saída é buscar ajuda nos pronto atendimentos infantis, que ficam lotados nesta época do ano, pois o frio e as mudanças de temperatura acentuam o número de crianças com sintomas alérgicos ou com gripe.
Para a presidente da Sociedade Paranaense de Pediatria, Kerstin Abagge, a exposição das crianças a ambientes hospitalares pode ser prejudicial. “Às vezes os pais vão expor a criança que já está com a imunidade baixa a outras doenças que podem ser mais graves do que a que a levou até o pronto-atendimento”, afirmou.
Além disso, de acordo com Clarice Arns da Cunha Warnecke, pediatra do Hospital Nossa Senhora das Graças, ir ao pronto-socorro em casos não emergenciais pode prejudicar crianças que necessitem de atendimento emergencial, devido ao aumento do tempo de espera.
Para evitar essas situações, é importante saber quais os “sinais de alerta” das doenças da estação. No caso da infecções de vias aéreas, como resfriados, gripes, pneumonias, etc., os pais devem ficar atentos a qualquer dificuldade que a criança tenha para respirar, como respiração rápida, retração dos espaços intercostais (entre costelas) ou da pele do pescoço e falta de ar . Segundo Clarice, dependendo do grau de insuficiência respiratória, a pele da criança pode até ficar um pouco roxa. Em caso de sintomas e situações como essas, os pais devem procurar assistência médica de emergência.
Febres acima de 38°C também merecem atenção redobrada e, se forem persistentes (aquelas que duram mais de três dias, não baixam com medicação ou retornam rapidamente), os pais devem procurar atendimento o mais rápido possível.
No caso da meningite, de acordo com Kerstin, os prontos-socorros devem ser procurados em caso de dor de cabeça muito intensa e vômito em jato (grande quantidade de uma só vez), além da febre alta e persistente.
A queda do estado geral da criança, especialmente se for muito rápida, assim como vômitos e diarreias persistentes, mesmo que não estejam relacionadas a qualquer das doenças “de inverno”, também são motivos para procurar ajuda emergencial.
A professora Marisandra Brotto Cumin levou o filho Miguel, de 3 anos, para o pronto-atendimento depois de uma noite em claro por causa da febre de mais de 39°C e crises de tosse do garoto. A mãe disse que a febre preocupa, ainda mais com as bruscas mudanças de temperatura. “Ele não é alérgico e dificilmente tem febre. Então, quando acontece não tem como não ficar preocupada e esperar muito tempo”, disse.
A importância do pediatra
Quando qualquer um destes sintomas aparecem, o ideal é que os pais devem procurar o pediatra da criança. Se não houver um, as especialistas recomendam que um médico seja escolhido para poder acompanhar o crescimento e ajudar a prevenir essas e outras doenças. Um pediatra de confiança também ajuda a resolver questões emergenciais sem que os pais precisem recorrer aos pronto-atendimentos.
A escolha do pediatra, porém, nem sempre é fácil. A dona de casa Bianca Majolli, mãe da pequena Nicole, de um e quatro meses, disse que prefere não procurar o pronto-atendimento, mas todos os pediatras que procurou para a filha acabam não passando as informações necessárias por telefone ou não têm espaços para encaixe na agenda para atendê-la.
“Eu prefiro evitar o pronto-atendimento, mas todos os médicos acabam indicando vir para cá, dizendo que não tem horário e que não fazem consultas pelo telefone. Muitas vezes só precisamos de uma orientação”, explicou. A mãe levou Nicole ao pronto-atendimento por causa de uma infecção de garganta e febre alta. “Se eu conseguisse um encaixe, poderia evitar o hospital. Mas, nenhuma mãe quer que o filho fique doente, sem atendimento e muito menos sem informação”, lamentou.