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Num passado não muito distante, os portadores de hanseníase eram mantidos isolados da sociedade. No Paraná, eles eram encaminhados ao Hospital Leprosário São Roque, fundado em 1826, em Piraquara. O atendimento era feito por ex-pacientes ou doentes em melhores condições. Entre eles, Junival Vieira dos Santos, 81 anos, portador da hanseníase que atuou como enfermeiro por 10 anos no São Roque. A doença foi detectada nele aos 34 anos de idade. Como foi tratado precocemente, hoje Junival não apresenta grandes seqüelas – só mesmo a do preconceito.

Na década de 60, ele foi isolado do contato com pessoas saudáveis. "Lá, vinha gente de outros estados e tinha gente muito doente ali. Algumas pessoas já chegavam quase sem pele nas costas e com o osso aparecendo", lembra.

Hoje Junival ainda mora em Piraquara, no lar para idosos Fraternitas, inaugurado em 1989 pelo padre alemão Hubert Alfred Roebig. A idéia era abrigar pessoas que já tinham terminado o tratamento, mas não tinham condições financeiras para se manter. O local acabou se tornando um abrigo para idosos e hoje não reúne apenas pessoas que já tiveram a hanseníase. Apenas 17 recebem cuidados médicos e de enfermagem.

Uma dessas pessoas é E.D., 75 anos, que teve seqüelas graves pela demora do diagnóstico – teve os dedos das mãos amputados e veio do Rio de Janeiro para buscar tratamento, em 1945. "Sofri muito preconceito, mas graças a Deus a família nunca me abandonou", diz.

O Hospital São Roque – antigo reduto para isolar doentes – é hoje um hospital público estadual especializado no tratamento a portadores de hanseníase. Ali também vivem alguns ex-pacientes abandonados pelas famílias. Eles formaram uma comunidade, com várias casas, jardim e pracinha – tudo no terreno do hospital. (TD)

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