Na última quarta-feira (21), primeiro dia do verão, o governo do estado liberou R$ 1,4 milhão para a recuperação das orlas de Matinhos e Guaratuba, destruídas pela ressaca do mar no fim de outubro, a mais forte dos últimos 20 anos. O convênio, assinado entre o Instituto das Águas e prefeituras, vai repassar R$ 803 mil para a recuperação das calçadas no trecho entre as praias Brava e Grande em Matinhos e R$ 631 mil para o trecho entre as praias Central e Caieras, em Guaratuba. O prazo de execução é 90 dias.
Entretanto, para turistas e comerciantes da Praia do Morro do Cristo, em Guaratuba, só obras não vão bastar. Será preciso também esperar pela ação da natureza. Na ressaca, o mar avançou aproximadamente 50 metros, chegando até a avenida beira-mar, e não recuou mais. Com isso, um trecho de aproximadamente 500 metros de extensão foi engolido pela água, impedindo a permanência de banhistas na areia.
FOTOS: veja como está Guaratuba dois meses após a ressaca de outubro
“2016 é um ano para nunca mais ser lembrado pelos comerciantes aqui da praia. Além da crise, tivemos essa ressaca. A expectativa é tentar recuperar agora na temporada, mesmo com a praia tomada pelo mar”, afirma o gerente do Quiosque Q’Delícia, Osni Presni, 55 anos, que, além do prejuízo de R$ 3 mil com dois freezeres e uma geladeira danificados pela água que entrou no estabelecimento no dia da ressaca, não pode mais contar com as 20 mesas que instalava na areia bem na frente do estabelecimento. “Os clientes que mais gastavam na lanchonete eram os das mesas na praia”, explica.
O quiosque vizinho, o Sol Nascente, passa pelo mesmo problema. Segundo o gerente, Lucas Henrique Duarte, 18 anos, só as 40 mesas que a lanchonete instalava na areia representavam 70% do lucro. “O pessoal passava o dia nas mesas da praia. Agora, por causa disso, vamos deixar de contratar quatro garçons, justamente os que serviam os clientes na areia”, afirma.
Além da queda no faturamento, a invasão do mar também obrigou o Quiosque Sol Nascente a ficar fechado dois meses. Como as ondas retiraram a areia debaixo da lanchonete, o proprietário teve de fazer uma reforma de reforço da estrutura para o imóvel não vir abaixo. Além disso, a calçada de acesso ao banheiro segue danificada.
Não bastasse o prejuízo dos comerciantes, a invasão do mar também tirou espaço dos banhistas na praia. Agora, os turistas têm que dividir entre si um curto espaço ao pé do Morro do Cristo. Além disso, terão que disputar espaço com as 20 canoas dos pescadores que ficavam em frente ao mercado do peixe, justamente a área onde o mar avançou. “Está sendo complicado. A gente sabe que as canoas atrapalham os turistas, mas não tem para onde levar. Nossa esperança é de que o mar recue para tudo voltar ao normal”, torce o pescador Reverson Julio, de 35 anos.
Recuo do mar
O engenheiro Eduardo Gobbi, professor do departamento de Engenharia Ambiental da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e doutor em engenharia oceânica, explica que na realidade o nível do mar não foi alterado na Praia do Morro do Cristo. O problema é a falta de areia. “Como essa ressaca foi extraordinariamente forte, o mar puxou muita areia da praia de forma muita rápida. Só que agora o mar vai devolver essa areia lentamente, de pouquinho em pouquinho”, explica.
A tendência, afirma Gobbi, é de que a praia só volte ao normal depois do verão. “Isso desde que não haja outra ressaca. O problema do litoral do Paraná é esse: toda vez que a área atingida está se recuperando, vem outra ressaca e leva toda a areia novamente”, afirma o engenheiro. “A solução de fato seria uma engorda da areia da praia, já que as avenidas à beira da praia foram construídas muito próximas ao mar”, complementa.
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