Curitiba – Há exatamente dois meses o Brasil convive com um verdadeiro caos aéreo. Desde o dia 27 de outubro deste ano, quando os controladores de vôo do Cindacta-1 em Brasília começaram uma "operação-padrão" que causou atrasos em mais de 51% dos vôos no país, ninguém sabe o que vai encontrar nos aeroportos brasileiros: tranqüilidade ou horas intermináveis de espera e até quebra-quebras de passageiros indignados por terem de dormir na sala de embarque sem saber se devem voltar para casa, por falta de informações. Os picos da crise aconteceram nos feriados, no início das férias de dezembro e poucos dias antes do Natal.

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De lá para cá, pouco está esclarecido e as autoridades vivem um "jogo de empurra". Especialistas dizem que existe uma verdadeira "caixa-preta" entre militares, governo e companhias aéreas. A Câmara dos Deputados instituiu uma comissão para investigar o apagão aéreo e ameaça instaurar uma Comissão Parlamentar de Inquérito caso o caos recomece.

No início, a Aeronáutica colocou a culpa nos controladores de tráfego. Estes, por sua vez, abalados com a queda do avião da Gol do último dia 29 de setembro, que provocou a morte de 154 pessoas, fizeram questão de levantar falhas na infra-estrutura de comunicação e radares do sistema de controle do espaço aéreo. Com a "batata- quente" na mão outra vez, a Aeronáutica culpou o governo pela falta de recursos. O Ministério da Defesa, então, devolveu o problema para a Aeronáutica, alegando desorganização dos militares e ingerência de todo o sistema.

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Acuado, o Comando da Aeronáutica, pressionado pelo governo, prometeu subdividir os Cindactas – principalmente o de Brasília, responsável por 80% dos vôos no Brasil – e contratar mais controladores de vôos. Anunciou também que, para solucionar picos de crise, não terá dúvidas em fazer um terceiro aquartelamento de controladores como fez duas vezes em novembro, em Brasília, quando convocou profissionais que estavam de folga para trabalhar. Os controladores ficaram confinados no Cindacta, até a situação normalizar.

Mesmo nesse conjunto de incertezas, a Agência Nacional de Aviação Aérea (Anac) prevê tranqüilidade nos aeroportos nesta semana entre o Natal e o ano-novo. Para a agência, os atrasos deverão ser de no máximo até 45 minutos, limite considerado normal.

Último susto

Nada disso, no entanto, impediu mais um momento de estresse antes do Natal. No dia 21 de dezembro, metade dos vôos nacionais tiveram atrasos, depredações e discussões indignadas entre passageiros e representantes de companhias aéreas. A Anac, além do mau tempo que ocasionou o fechamento do Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, responsabilizou a companhia aérea TAM pelos transtornos por ter retirado seis aviões de circulação. Para resolver o caos antes do Natal, a Aeronáutica disponibilizou oito aeronaves militares. Ontem a Anac começou uma auditoria na companhia aérea para verificar se existem erros nas reservas e vendas de passagens.

Em resposta, a TAM negou realizar o chamado "overbooking", a venda de passagens em quantidade superior à capacidade de suas aeronaves. A empresa citou a falta de condições de voar em Congonhas nos dias de tempestade e dificuldades de comunicação no Aeroporto Internacional do Tom Jobim/Galeão no Rio de Janeiro como falhas reais dos atrasos.

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