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Sustentabilidade

Dois planetas para o curitibano

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Se toda a população mundial tivesse os mesmos hábitos de consumo dos moradores de Curitiba, seriam necessárias quase duas Terras para suprir a demanda de recursos naturais – como áreas de pastagens do gado, terras para cultivo agrícola, água e emissões de CO2 na atmosfera, entre outros fatores preponderantes para sustentar a vida humana. É o que conclui um estudo feito em conjunto pelo Serviço Nacional de Apren­­dizagem Industrial do Paraná (Senai-PR), pelo Serviço Social da Indústria (Sesi) do Paraná, pela organização não governamental Global Footprint Network e pela prefeitura de Curitiba.A chamada pegada ecológica per capita dos curitibanos é de 3,4 hectares globais (gha), enquanto a biocapacidade do planeta, que é o quanto ele consegue repor dos bens naturais fornecidos, é de apenas 1,8 gha por pessoa. "Se compararmos a outras cidades do mesmo porte ou até a grandes capitais, a pegada de Curitiba é relativamente baixa. Apesar de a situação ser crítica, acaba existindo uma certa compensação, pois a pegada de outras regiões do estado acaba sendo mais baixa", explica Elcio Herbst, consultor ambiental do Senai e responsável pelo projeto. A pesquisa, no entanto, não avaliou a pegada ecológica do Paraná.

Comparativo

A pegada curitibana é quase 42% maior que a média brasileira (2,4 gha) e 31% superior ao índice global (2,6 gha). No entanto, perto de cidades como Calgary, no Canadá, que tem quase 1 milhão de habitantes (contra os 1,8 milhão de Curitiba) e uma pegada de 9,86 gha, a capital paranaense se sai bem. Na opinião de Elcio Herbst, é difícil apontar uma tendência da pegada ecológica da cidade daqui para frente. "Se você vislumbrar a parte de consumo de bens, a tendência é piorar. Afinal, o curitibano tem um padrão de vida cada vez melhor e vai consumir mais. Em contrapartida, na questão do transporte, por exemplo, deve melhorar, como a circulação de ônibus híbridos. Na geração de resíduos, a tendência é aumentar, porém haverá um melhor gerenciamento desses materiais", pondera.

Entre os fatores que mais pesaram na composição da pegada curitibana estão o consumo de alimentos (42%), a compra de bens (roupas, eletrônicos, serviços – 20%) e mobilidade urbana (transporte individual e coletivo – 7%).

Exemplo

Mas se dependesse da família Bunik, de Curitiba, a pegada ecológica da cidade seria bem diferente. Eles toparam o desafio da nossa reportagem e fizeram um teste para avaliar o impacto de cada integrante da família sobre o planeta. Na média, o resultado foi de 1,8 gha – exatamente o limite da sustentabilidade atual do planeta. Se todos vivessem como eles, portanto, não estaríamos usando hoje 140% do que o planeta pode repor, conforme indica um estudo da Global Footprint Network.

O segredo dos Bunik é simples: comer carne uma vez por dia; separar os resíduos recicláveis; e gastar pouco com a compra de bens sem necessidade, entre outros fatores que aumentam a pegada ecológica. "Eu separo todo o lixo, lavo e seco, só depois coloco na lixeira", diz a aposentada Marliza Tulio Bunik, casada com Paulo e mãe de três filhas: Tania, Ana Paula e Claudia, que é mãe de Yasmin, 7 anos, e prima do estudante Paulo Semicek, 18 anos. Eles não moram todos na mesma casa, mas compartilham bons hábitos. "É um bom exercício [o teste] para analisarmos como estamos agredindo o planeta", reflete Ana Paula. "Você até pensa nos animais que vão matar, mas não na pastagem que utilizam", pontua Claudia, sobre o impacto do consumo de carne sobre as áreas verdes.

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