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FAÇA SUA PARTE

Veja algumas dicas para diminuir o impacto que você causa no meio ambiente:

- Separe o lixo orgânico do lixo reciclável. Entre os recicláveis, separe os materiais por tipo: vidro, papel, metal e assim por diante. O mesmo cuidado serve para resíduos especiais, como pilhas, baterias e lâmpadas, que devem ser descartadas corretamente.

- De preferência à bicicleta e ao transporte público. Sempre que possível, deixe o carro na garagem. Se possível, pratique a carona solidária.

- Reduza o tempo do banho e evite deixar torneiras pingando em casa. Quando lavar a louça ou fizer sua higiene pessoal, não deixe a água escorrendo. Troque a caixa de descarga do vaso sanitário por uma que gaste menos.

- Não deixe luzes acesas nem equipamentos eletrônicos ligados sem necessidade.

- Diminua o consumo de carne, que requer muita água e grandes áreas de pastagens para o gado, gerando maior emissão de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera. Faça refeições equilibradas e evite o desperdício de alimentos.

- Dê preferência a produtos orgânicos e da região onde você vive. Com os alimentos orgânicos, você diminui o impacto dos agrotóxicos industriais. Já consumindo produtos de sua região, você ajuda a reduzir o gasto com combustíveis no transporte das mercadorias.

- Evite trocar equipamentos eletrônicos e demais bens de consumo sem necessidade. Todos esses produtos demandam recursos naturais para sua fabricação e, quando descartados, geram impacto na natureza.

Consequências

Falta de água, fome e preços mais altos

A vice-presidente de Assuntos Externos da Global Footprint Network, Jennifer Mitchell, que estuda a pegada ecológica no mundo, diz que é impossível prever a magnitude dos problemas futuros caso a pegada ecológica não diminua. "As conseqüências já estão aparecendo: falta de água, aumento dos preços de commodities, crises de fome em alguns países e a apropriação de terras por países que não têm áreas cultiváveis em seu território", cita.

Segundo ela, os fatores que aumentam a pegada ecológica são aumento da população, crescimento das classes médias (maior consumo per capita), limitação da superfície terrestre e disputa entre produção de energia e alimentos. Resolver tais conflitos, diz Mitchell, passa pela construção de um consenso político. "Se os países perceberem que a gestão cuidadosa de recursos é parte do bem-estar nacional, não teríamos que procurar um consenso", ressalta.

Na opinião do engenheiro ambiental Altair Rosa, professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), para reduzir a pegada de nossas cidades os governos devem investir em campanhas de educação ambiental e leis de incentivo, além de estabelecer parcerias com o setor privado e universidades. Ele não acredita que os índices de Curitiba vão piorar. "Mas é preciso que todos tenham consciência de seus impactos ao meio ambiente. Precisamos passar por uma reeducação, sabendo que nossas pequenas atitudes podem fazer a diferença, como o fato de tomar um banho mais curto ou substituir alimentos tradicionais por orgânicos." (JRM)

Se toda a população mundial tivesse os mesmos hábitos de consumo dos moradores de Curitiba, seriam necessárias quase duas Terras para suprir a demanda de recursos naturais – como áreas de pastagens do gado, terras para cultivo agrícola, água e emissões de CO2 na atmosfera, entre outros fatores preponderantes para sustentar a vida humana. É o que conclui um estudo feito em conjunto pelo Serviço Nacional de Apren­­dizagem Industrial do Paraná (Senai-PR), pelo Serviço Social da Indústria (Sesi) do Paraná, pela organização não governamental Global Footprint Network e pela prefeitura de Curitiba.A chamada pegada ecológica per capita dos curitibanos é de 3,4 hectares globais (gha), enquanto a biocapacidade do planeta, que é o quanto ele consegue repor dos bens naturais fornecidos, é de apenas 1,8 gha por pessoa. "Se compararmos a outras cidades do mesmo porte ou até a grandes capitais, a pegada de Curitiba é relativamente baixa. Apesar de a situação ser crítica, acaba existindo uma certa compensação, pois a pegada de outras regiões do estado acaba sendo mais baixa", explica Elcio Herbst, consultor ambiental do Senai e responsável pelo projeto. A pesquisa, no entanto, não avaliou a pegada ecológica do Paraná.

Comparativo

A pegada curitibana é quase 42% maior que a média brasileira (2,4 gha) e 31% superior ao índice global (2,6 gha). No entanto, perto de cidades como Calgary, no Canadá, que tem quase 1 milhão de habitantes (contra os 1,8 milhão de Curitiba) e uma pegada de 9,86 gha, a capital paranaense se sai bem. Na opinião de Elcio Herbst, é difícil apontar uma tendência da pegada ecológica da cidade daqui para frente. "Se você vislumbrar a parte de consumo de bens, a tendência é piorar. Afinal, o curitibano tem um padrão de vida cada vez melhor e vai consumir mais. Em contrapartida, na questão do transporte, por exemplo, deve melhorar, como a circulação de ônibus híbridos. Na geração de resíduos, a tendência é aumentar, porém haverá um melhor gerenciamento desses materiais", pondera.

Entre os fatores que mais pesaram na composição da pegada curitibana estão o consumo de alimentos (42%), a compra de bens (roupas, eletrônicos, serviços – 20%) e mobilidade urbana (transporte individual e coletivo – 7%).

Exemplo

Mas se dependesse da família Bunik, de Curitiba, a pegada ecológica da cidade seria bem diferente. Eles toparam o desafio da nossa reportagem e fizeram um teste para avaliar o impacto de cada integrante da família sobre o planeta. Na média, o resultado foi de 1,8 gha – exatamente o limite da sustentabilidade atual do planeta. Se todos vivessem como eles, portanto, não estaríamos usando hoje 140% do que o planeta pode repor, conforme indica um estudo da Global Footprint Network.

O segredo dos Bunik é simples: comer carne uma vez por dia; separar os resíduos recicláveis; e gastar pouco com a compra de bens sem necessidade, entre outros fatores que aumentam a pegada ecológica. "Eu separo todo o lixo, lavo e seco, só depois coloco na lixeira", diz a aposentada Marliza Tulio Bunik, casada com Paulo e mãe de três filhas: Tania, Ana Paula e Claudia, que é mãe de Yasmin, 7 anos, e prima do estudante Paulo Semicek, 18 anos. Eles não moram todos na mesma casa, mas compartilham bons hábitos. "É um bom exercício [o teste] para analisarmos como estamos agredindo o planeta", reflete Ana Paula. "Você até pensa nos animais que vão matar, mas não na pastagem que utilizam", pontua Claudia, sobre o impacto do consumo de carne sobre as áreas verdes.

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