Julgamento deve ser longo

A previsão é de que o julgamento dure pelo menos dois dias. Primeiro, serão ouvidas as testemunhas de defesa e acusação. Depois os réus devem prestar depoimento e haverá a leitura de algumas peças do processo. Passada esta fase, acusação e defesa poderão se manifestar por duas horas e meia, com direito a réplica e tréplica de duas horas. Após estas etapas, os sete integrantes do júri vão decidir se os acusados são inocentes ou culpados.

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Dois anos e nove meses depois do assassinato do estudante Bruno Strobel Coelho Santos, dois vigias acusados de participação no crime vão a júri popular. O julgamento, marcado para a manhã desta quarta-feira (7), será o primeiro relacionado ao caso.

O ex-funcionário da empresa de segurança privada Centronic, Marlon Balen Janke, 33, e Douglas Rodrigo Sampaio Rodrigues, 29, serão julgados em Almirante Tamandaré, município onde o corpo de Bruno Strobel foi encontrado em outubro de 2007. Os dois foram denunciados pelo Ministério Público (MP) por formação de quadrilha, homicídio qualificado e ocultação de cadáver. Janke ainda responde por tortura mediante sequestro. Ele está preso no Centro de Detenção e Ressocialização de Piraquara, enquanto que Rodrigues está detido na Casa de Custódia de Curitiba.

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Os advogados de defesa dos dois réus devem adotar estratégias diferentes durante o julgamento. O responsável pela defesa de Rodrigues, Cláudio Dalledone Júnior, diz que vai mostrar que a Centronic tem ampla responsabilidade e influência no homicídio. "As interceptações telefônicas realizadas durante a investigação mostram como a empresa atuava. Não vou só defender o Douglas, mas a classe dos vigilantes. Esperamos a absolvição dele", afirma Dalledone.

Já o advogado Nilton Ribeiro, defensor de Janke, revela que o acusado vai confessar o crime diante do júri. "Ele não nega o que aconteceu e vai agir com honestidade. É uma pessoa que se arrependeu", conta Ribeiro. "Já que ele admite o crime, no julgamento, vamos tentar retirar a acusação por alguns crimes com formação de quadrilha e também a qualificadora do homicídio", completa o advogado.

O pai da vítima, o jornalista Vinicius Coelho, não crê que os vigilantes possam ser absolvidos. "Confiamos na justiça. Não é possível outro resultado que não seja a condenação. Foi um crime bárbaro", diz Coelho. Um dos assistentes de acusação do MP no caso, o advogado Rafael de Mello, também acredita na condenação dos vigias. "As provas coletadas durante a investigação do crime são muito evidentes", afirma.

Além dos dois homens que enfrentam o júri popular nesta semana, outras cinco pessoas foram denunciadas pelo crime contra o estudante. Quatro acusados não foram julgados, pois recorreram da decisão que determinou que eles enfrentassem o júri popular. Já o processo contra Eliandro Luiz Marconcini ainda não chegou à fase de julgamento, pois foi interrompido durante o período em que ele esteve foragido (cerca de nove meses). Marconcini foi encontrado e preso em janeiro deste ano, no Balneário Ipanema, no Litoral do Paraná.

O crime

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O estudante Bruno Strobel desapareceu no dia 2 de outubro de 2007 e foi encontrado morto uma semana depois na Rodovia dos Minérios, em Almirante Tamandaré, região metropolitana de Curitiba. Ele levou dois tiros na cabeça. Strobel teria sido morto por funcionários da empresa de segurança Centronic depois de ter sido flagrado pichando o muro de uma clínica no bairro Alto da Glória, na capital.

De acordo com as investigações do caso, Bruno teria sido abordado pelo vigilante Marlon Balen Janke. O jovem foi rendido e levado à sede da empresa de segurança, onde teria sido espancado por Janke e outros vigias. Durante a agressão, Bruno revelou ser filho de jornalista, o que teria motivado o assassinato. Com o auxílio dos também vigias Douglas Rodrigo Sampaio Rodrigues e Eliandro Luiz Marconcini, Bruno foi levado ao matagal onde foi assassinado.

Em maio de 2008, a Centronic teve seu registro cassado graças a uma decisão da Comissão Consultiva de Segurança Privada (Ccasp), órgão que além da Polícia Federal (PF), inclui entidades como a Confederação Nacional dos Vigilantes, a Federação Nacional das Empresas de Segurança e o Exército. No entanto, a empresa recorreu da determinação junto ao Ministério da Justiça, que reverteu a decisão anterior e permitiu que a empresa continuasse funcionando normalmente. A PF informou que, atualmente, a Centronic cumpre as normas exigidas pelas autoridades e pode prestar os serviços de segurança privada.