A colisão de um carro ocupado por seis jovens em um poste no Parque Barigui, em Curitiba, que resultou na morte de Ricardo Fernando de Souza, 21 anos, na madrugada de domingo para segunda-feira, ilustra um dos principais problemas enfrentrados pelos frequentadores do local nos fins de semana. Segundo testemunhas, o veículo estava em alta velocidade e junto ao carro teriam sido encontradas latas de cerveja, indicando uma possível condução associada ao uso de álcool. Frequentadores dizem que o consumo excessivo de bebida e muitas vezes de drogas, as confusões, os congestionamentos e o som alto têm sido comuns no parque.
De acordo com a Guarda Municipal, cerca de 40 mil pessoas circulam no Barigui aos domingos. No último fim de semana, a Guarda, a Polícia Militar e a Diretran fizeram uma operação para tentar coibir os excessos. Duas equipes da Diretran, 40 guardas e 42 PMs ficaram responsáveis pela orientação e pela segurança dos usuários. A Guarda Municipal não registrou nenhuma ocorrência em seu horário de atuação o acidente ocorreu durante a madrugada.
Moradores da região sugerem que a operação se torne frequente. "Tudo o que acontece é notificado e encaminhado aos responsáveis. Mas normalmente falta autoridade suficiente para combater o tráfico de drogas e a prostituição", diz Barbara Ramina, presidente da Associação de Moradores e Amigos do Parque Barigui. Ela diz que o objetivo não é reduzir o número de visitantes, mas exigir uma atuação constante das autoridades. "Ninguém quer proibir. Mas cabe às autoridades controlar, tomar as rédeas. Caso contrário, a situação foge do controle, dos congestionamentos à falta de segurança."
Para o ex-presidente da associação Ari Becker, uma presença maior da PM e da Guarda impediria ocorrências costumeiras. "Não adianta tentar repreender depois que o pessoal está alcoolizado. Há alguns fins de semana, eu presenciei guardas e a Diretran sendo agredidos com garrafas de vidro."
Procurada pela reportagem, a Guarda Municipal afirmou que a manutenção da operação está sendo analisada e que os demais parques da cidade continuarão sendo monitorados. A Guarda, no entanto, não confirmou se haverá novas ações. A Polícia Militar não respondeu às solicitações de entrevista até o fechamento desta edição.
Discriminação
Especialmente devido à falta de segurança, a comunidade tem evitado o Barigui aos domingos. Morador da região, o professor de Sociologia da Pontifícia Universidade Católica Lindomar Wessler Boneti diz haver interpretações erradas sobre os responsáveis pela violência. "Surge a informação de que quem veio dos bairros por causa da passagem de ônibus a R$ 1 causa o problema. Mas quem está cometendo a violência são as pessoas de classe média e alta, que portam bebidas e às vezes drogas", afirma. O professor lembra que espaços públicos reúnem classes sociais distintas. "A população não deve partir para a discriminação. É um ambiente a que todos devem ter acesso, mas compete às instituições impor a ordem necessária."
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