José Domingos de Morais, Dominguinhos, morreu às 18 horas de ontem no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, em decorrência de complicações infecciosas e cardíacas. Ele estava internado desde 13 de janeiro para tratar das complicações de um câncer no pulmão. O sanfoneiro, herdeiro de Luiz Gonzaga, estava com 72 anos. A cantora Guadalupe, casada com o músico, disse que passou a tarde com ele, ao lado de seu leito, dizendo o quanto era especial, o quanto ela queria que ele ficasse com a família.
Juntos, ouviram ainda a música "Casa Tudo Azul", do próprio Dominguinhos, a que seria a de sua despedida. "Casa tudo azul, eu me lembro de você / Mas hoje foi difícil lhe deixar / todo amor que havia em meu retrato podes ver / e tudo que eu vivi nesta janela vai passar."
E era sanfona mesmo. Com Dominguinhos não tinha esse negócio de acordeão. Acordeão, acordeona, gaita tudo coisa do pessoal do sul, "acostumado a inventar moda pra deixar chique o que era do povo." No começo da carreira, ao lado dos irmãos, Zezinho formou o grupo Os Pinguins. Tocava sanfona de oito baixos, a mais simples.
Calhou que José Domingos de Morais foi para o Rio de Janeiro, e ganhou de Luiz Gonzaga um baita fole de 120 baixos, desafio para qualquer músico. Gonzaga dizia que seu maior seguidor, muitas vezes maior do que ele mesmo, era aquele moleque danado de Garanhuns, com voz menos potente mas dedos muito mais ligeiros. A partir daí, seria Dominguinhos para sempre.
O pupilo de Gonzagão teve músicas gravadas pelos maiores nomes da MPB, como "Eu Só Quero um Xodó", sucesso na voz de Gilberto Gil, e "De Volta pro Aconchego", na de Elba Ramalho.
Dominguinhos foi vencedor do Grammy Latino em 2002, com o CD Chegando de Mansinho. Em sua última entrevista à Gazeta do Povo, em março de 2010, o músico disse que "o acordeão serve para tudo." "Ele é um piano de joelhos", afirmou, sempre sorrindo.