Castração é discutida no país
A prefeitura de Ponta Grossa tem um canil com aproximadamente 15 cães. Depois de três dias no canil, os animais são castrados, recebem um chip e são soltos novamente. São feitas cerca de 50 castrações por mês. Em Curitiba, o Centro de Zoonose da prefeitura recolhe apenas animais que ameaçam pedestres ou têm alguma doença grave. Programas de castração são dirigidos a bairros pobres onde a população de cães é muito grande. Há projetos de lei em tramitação na Assembleia Estadual e no Congresso que tentam regulamentar a castração de animais abandonados.
Ponta Grossa - Michael Jackson, Carneirinha e Quinta-Feira são alguns dos 150 cães que vivem no quintal de uma casa em um bairro central de Ponta Grossa, nos Campos Gerais. A dona, Rosélia Aparecida Elbl Vanat, 46 anos, conhece todos pelo nome e até pelo latido. Os cachorros dividem espaço com 56 gatos, que ficam num cômodo reservado. Do total de animais, apenas 17 ainda não foram castrados. Rosélia adaptou o quintal da casa de sua mãe para atender os animais. "No começo eu tinha uns quatro cachorros, mas depois foi aumentando", diz. E esse aumento tem incomodado os vizinhos. Rosélia responde a uma ação de investigação no Ministério Público e a uma ação no Juizado Especial Criminal, onde é acusada de poluição sonora e risco à saúde pública.
Ela conta que chegou a prestar serviços comunitários por determinação da Justiça e tem três meses para encontrar um novo abrigo para os animais. A pensionista está sem saber o que fazer porque teme pelo destino dos animais. "O que vão fazer com eles?", questiona. Segundo estimativa do Grupo Fauna de Apoio aos Animais uma organização não governamental de Ponta Grossa o município tem perto de 75 mil cães abandonados.
As reclamações dos vizinhos e as despesas não intimidam Rosélia. Todos os dias ela gasta 75 quilos de ração para alimentar os cães e 6 quilos para alimentar os gatos. Para manter o abrigo limpo, ela gasta cinco vidros de detergente por dia e R$ 470 de água por mês. Viúva de um militar, ela nunca parou para calcular os gastos, mas diz que está enfrentando dificuldades financeiras. "Eu já tive que vender um carro para gastar com os animais", acrescenta.
Desde que o Ministério Público abriu uma ação de investigação contra a pensionista, ela se comprometeu a não receber mais animais abandonados em casa. Mas a promessa teve pouco efeito porque outras pessoas continuam abandonando animais no seu portão. "Já jogaram cadela grávida para dentro do meu muro", afirma. Além disso, ela recebe muitos bichos vítimas de maus-tratos e deficientes físicos.
Segundo o promotor público Silvio Couto Neto, a solução seria a retirada dos animais da casa e o encaminhamento para um abrigo distante do Centro. Para a bióloga e vice-presidente do Grupo Fauna, Andreza Jacobs, o abrigamento não é aconselhável. "Somos contra o abrigo porque existe um grande risco de gerar maus-tratos para os animais e, além disso, deseduca a sociedade", opina. Segundo ela, é importante conscientizar as pessoas a terem a guarda responsável dos animais, já que se estima que de cada grupo de 10 cães e gatos soltos nas ruas, pelo menos sete têm dono.
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