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A centenária dona Mariana: “É Deus que dá força”, diz | Ruben Vital
A centenária dona Mariana: “É Deus que dá força”, diz| Foto: Ruben Vital

Guinness

Japonesa que completou 116 anos leva título oficial

Oficialmente, a mulher mais velha do mundo é a japonesa Misao Okawa, segundo o Guinness World Records. Ela completou 116 anos na última quarta-feira e vive num asilo na cidade de Osaka. O segredo de Okawa para a longevidade seria "comer uma refeição boa e descansar". Assim como a brasileira Mariana de Souza Cunha, a idosa se casou na década de 1910. Ela teve três filhos, quatro netos e seis bisnetos.

No ano passado, a chinesa Alimihan Seyiti procurou o Guinness para informar que teria 127 anos e que poderia, com isso, ser a pessoa mais velha do mundo. Ela teria nascido em 1886, mas sem comprovação. Na época, o país ainda era governado pela dinastia Qing. A idosa vive próximo à cidade de Kasghar.

A mineira Maria Gomes Valentim foi considerada pelo Guinness World Records até 2011 como a mulher mais velha do mundo. Ela faleceu naquele ano com 114 anos, em Carangola, a cerca de 360 quilômetros de Belo Horizonte. Antes dela, Maria Olívia da Silva, de Astorga, havia sido reconhecida como a mulher mais velha do Brasil. Ela viveu até os 130 anos, falecendo em 2010. A longevidade dela, no entanto, não foi reconhecida fora do país.

0,01% da população brasileira é centenária. No país, segundo o IBGE, há o registro de 24.236 pessoas com 100 anos ou mais. Os estados com mais centenários são: Bahia (3.578); São Paulo (3.234); e Minas Gerais (2.643). No Paraná, são 933 centenários.

Se as contas estiverem certas, a paulista Mariana de Souza Cunha – moradora de Cambará, no Norte do estado – completa 117 anos no próximo dia 30 de março. A data, que não pode ser comprovada por falta de documentos, faria desse paranaense por adoção a mulher mais velha do Brasil e, talvez, do mundo, com lugar garantido no Guinness Book.

Confira mais imagens de Mariana de Souza Cunha

A única referência para se calcular a idade de dona Mariana é o ano de seu casamento, em 1917, quando ela teria 20 anos. Seus familiares acreditam que a matriarca nasceu em 1897. A República ainda estava no início. O presidente era Prudente de Moraes. Marconi estava para fazer a primeira transmissão de rádio. Naquele ano, em setembro, Antônio Conselheiro seria assassinado na Revolta de Canudos.

Da união em Bauru (SP)com o marido Pedro, de quem Mariana hoje é viúva, a família cresceu para 10 filhos, 17 netos, 14 bisnetos e dois tataranetos. E mais um bebê está a caminho para a alegria da tataravó. Com mais de 100 anos de vida, Mariana afirma que o que lhe garante tanta longevidade tem raízes na religião. "É Deus que dá força", define, sem se cansar de entoar cânticos e frases de louvor ao Criador. Ela acompanha, em casa, cultos evangélicos promovidos pela família.

Com pouco mais de 1,30 m de altura, a idosa ainda consegue caminhar, não toma remédios controlados e é adepta de uma alimentação simples, baseada no arroz e feijão. Não dispensa carne, mas não faz questão de comer verduras ou tomar refrigerante. Em 1999, uma catarata lhe tirou a visão, sem impedir, no entanto, que ela continuasse a fazer o que gosta: montar bancos de madeira e tocar gaita. O passatempo tomou o lugar das atividades na cozinha e junto à máquina de costura.

O som das notas musicais produzidas pela gaita da idosa logo ecoa do quarto onde dona Mariana atende a reportagem. A neta Selma Venâncio, 29 anos, conta que a audição da avó já está baixa, mas que, à sua maneira, ambas se entendem. Xodó da matriarca, o instrumento, quando não está sendo utilizado, costuma ser guardado no bolso do vestido. As mãos calejadas de colher café e debulhar milho, como a idosa mesmo diz, também encontram diversão entre cordas de violão. "Ela aprendeu a tocar com o meu avô, que sabia fazer instrumentos musicais", emenda a neta.

História

Dona Mariana é natural de Guaianazes, interior paulista, e logo se mudou com a família para Bauru. A cidade, recorda ela, tinha apenas três ruas na época. Quando ela e o marido chegaram a Cambará, as condições eram um pouco melhores – havia duas farmácias e um hospital. O início da vida no Paraná e o tempo na roça costumam permear as histórias relatadas aos visitantes.

O único documento que comprova o casamento religioso de dona Mariana na juventude foi perdido durante um incêndio na igreja em que a cerimônia ocorreu. A união no papel só ocorreu mais tarde. A busca por provas que pudessem apontar a pensionista como a pessoa mais velha do país ou do mundo, explica a neta Selma, foi, aos poucos, se perdendo no tempo. "Sabemos que hoje é muito difícil provar sua idade. Acabamos não indo atrás porque ela também não liga muito para isso", comenta.

A "mais velha" do mundo

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