O dono da lotérica de Novo Hamburgo (RS), investigado por suspeita de estelionato no caso dos apostadores do suposto bolão premiado da Mega-Sena, disse que a funcionária do estabelecimento esqueceu de registrar a aposta que seria sorteada no concurso 1.155, no sábado (20). A declaração foi feita durante depoimento realizado na delegacia da cidade, na tarde desta quarta-feira (24).

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O delegado Clóvis Nei da Silva, responsável pelo inquérito policial, disse que o depoimento do dono da lotérica não vai mudar o rumo da investigação. "Continuo com o entendimento de que houve má-fé, que houve crime de estelionato. Não vou mudar minha opinião sobre o caso."

O responsável pela aposta ficou na delegacia por cerca de duas horas e acompanhado de um de seus advogados. "Já ouvi 20 das 25 pessoas que fizeram a aposta do bolão e registraram queixa na polícia. Ao todo, sabemos que foram vendidas 36 das 40 cotas do bolão, conforme informação relatada pelo dono da lotérica no depoimento", afirmou o delegado.

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Silva disse também que não há prazo para conclusão do inqúerito policial. "Apenas a lotérica é investigada, pois não houve aposta. Agora, se ouve falha de fiscalização da Caixa sobre os bolões, a investigação passa a ser no foro cível e não cabe apuração na esfera criminal."

Vítimas

Um dos apostadores de Novo Hamburgo disse que nunca mais vai fazer um jogo da Mega-Sena. "Não aposto mais. Você acaba perdendo a confiança na loteria, mesmo querendo confiar. Bolão, então, nem pensar", disse o motorista Jadir de Quadros. Nesta quarta-feira, a Caixa Econômica Federal (CEF) poderá pagar um prêmio de R$ 61 milhões no concurso 1.156.

O motorista disse que também perdeu a confiança na CEF. "Já que neste país só o que leva uma pessoa para cadeia é o não pagamento da pensão alimentícia, já avisei minha ex-mulher que não depositarei mais a pensão de meu filho de 4 anos na Caixa. Já pedi para ela abrir conta em outro banco". A Caixa informou que está apurando o ocorrido.

Bloqueio de R$ 53 milhões

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A advogada Jos Mari Peixoto, representante de 18 moradores de Novo Hamburgo (RS) que dizem ter participado do suposto bolão premiado, reafirmou que pretende pedir o bloqueio de R$ 53 milhões na Justiça, que corresponde ao prêmio que os apostadores do bolão teriam direito. O pedido de bloqueio não tem relação com os próximos sorteios da Mega-Sena.

A advogada afirmou que não há prazo para entrar na Justiça. "Nós vamos mover a ação contra a Caixa Econômica Federal e contra a lotérica. Mas ainda tenho que fazer mais reuniões com meus clientes. Esperamos entrar na Justiça o mais rápido possível", afirmou.

Bolão proibido

A Caixa Econômica Federal informou que não autoriza a organização de bolões pelas lotéricas. De acordo com a assessoria do órgão, os estabelecimentos são fiscalizados e sofrem penalidades em caso de irregularidades.

De acordo com a assessoria, a fiscalização é realizada pelos Consultores Regionais lotados nas Superintendências Regionais da Caixa e também pelos Auditores Regionais da Caixa. O órgão também diz que realiza controle de qualidade dos volantes utilizados para a marcação dos números pelo apostador.

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