O primeiro dono de posto interrogado pela Delegacia do Consumidor (Delcon) de Curitiba nesta segunda-feira (16) negou qualquer participação no esquema de fraude de combustível, denunciado pelo programa Fantástico, da TV Globo, no dia 8 de janeiro. No entanto, de acordo com o delegado titular da Delcon, Jairo Estorílio, Ângelo Albuquerque Gobbo, proprietário dos postos Arrancadão e Jockey, disse que pagava a Cléber Salazar cerca de R$ 400 por mês pela manutenção nas bombas.
Gobbo negou que praticasse qualquer fraude em seus postos. O delegado Estorílio e a promotora Cristina Corso Ruero, da promotoria do Consumidor, concederam uma entrevista coletiva, na tarde desta segunda, para explicar como foi o interrogatório de Gobbo.
A informação, segundo Estorílio, vai de encontro com a justificativa dada à polícia por Salazar. O empresário dono da Power Bombas havia dito à polícia que os R$ 5 mil que cobraria por instalar a fraude em um dos postos denunciados pela reportagem do Fantástico seriam o pagamento da manutenção.
"Ele (Gobbo) era cliente de Cléber (Salazar) há mais de um ano e disse que pagava R$ 400 pela manutenção", conta o policial. Gobbo, segundo o delegado, não conseguiu explicar o motivo dos lacres de seus postos estarem rompidos.
Outros 12 proprietários de postos deverão ser ouvidos até sexta-feira (20). Esses empresários foram flagrados na última semana com lacres rompidos nas placas das bombas de combustível. De acordo com a polícia, o rompimento dos lacres seria um forte indício de que houve fraude nestes postos. Ao todo, são 44 postos em Curitiba e região que foram atendidos por Salazar. No entanto, o restante será ouvido pela polícia a partir de segunda-feira que vem.
Próximos passos
A promotora explicou que aguarda o relatório do Instituto de Pesos e Medidas do Paraná (Ipem-PR) para tomar as medidas cabíveis contra os 12 postos que apresentaram lacre rompido. O Ipem-PR está finalizando o relatório das fiscalizações e deve encaminhar para a polícia e para o Ministério Público Estadual (MP-PR) ainda nesta semana.
Anteriormente, a polícia havia informado que 14 postos apresentaram lacre rompido. Nesta terça-feira, o Ipem passou a informação que 12 estabelecimentos apresentavam a irregularidade.
De acordo com a promotora, o MP-PR poderá pedir o fechamento destes estabelecimentos.
Estorílio verificará com os outros proprietários os valores que pagavam a Salazar pelas manutenções. No posto Jockey, por exemplo, conta o delegado, Gobbo gastou R$ 30 mil para trocar três tanques de combustível. "Agora vamos ver o valor de mercado da manutenção com outros postos", afirma. Amanhã mais três proprietários de postos devem ser ouvidos. Salazar deve ser ouvido novamente em um interrogatório complementar ainda nesta semana. O contador dele também deve ser ouvido pela polícia.
Prisão preventiva
A promotora informou que há a possibilidade do Ministério Público Estadual (MP-PR) pedir a prisão preventiva de Salazar na quarta-feira, quando expira o prazo de cinco dias da prisão temporária do suspeito. Depois de amanhã, Salazar completará dez dias preso. Na última sexta-feira, a Justiça concedeu mais cinco dias de prisão temporária ao empresário.
Apesar da possibilidade de pedir a preventiva, o MP ainda analisará essa hipótese. O motivo da análise é técnica. Caso a Justiça conceda a prisão preventiva, o MP teria apenas cinco dias para oferecer a denúncia contra o empresário, segundo o Código de Processo Penal, o que pode não ser interessante para o trabalho de busca por provas. "Vamos ver o que temos em mãos para analisar o que faremos", afirma a promotora.
Esquema
O esquema oferecido por Salazar, que está preso, consistia na utilização de um dispositivo remoto para controlar a vazão do combustível e, com isso, fornecer menos litros do que o apontado na bomba. Salazar, de acordo com a reportagem do Fantástico, seria o homem que venderia a fraude para os postos de combustíveis. Uma adulteração na placa eletrônica (CPU) seria o principal ponto da fraude que levava a diminuição da vazão do combustível.
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