O dono do perfil no Facebook Guarujá Alerta, apontado como o catalisador da onda de boatos que terminaram com o linchamento da dona de casa Fabiane Maria de Jesus, de 33 anos, no sábado, disse ao Estado, depois de evitar reportagens por dois dias, que procurou a Polícia Militar na sexta-feira para pedir ajuda para desmentir a boataria sobre a sequestradora que atuaria na cidade.

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O homem, que não revela nome, idade nem profissão porque diz já ter recebido mais de 600 ameaças, disse que seu papel durante os dias que antecederam o espancamento de Fabiane foi informar que as histórias que circulavam pela internet não eram verdadeiras. Ele conta que a onda de histórias sobre a sequestradora crescia na rede, e o que ele fez foi repercuti-la. Até constatar que os casos não eram verdadeiros.

"As pessoas publicavam nos perfis delas e em outros perfis. Tinha gente publicando que havia uma criança morta dentro de caçamba de lixo no bairro Maré Mansa e gente dizendo que viu a sequestradora", diz o dono da página.

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"O que fizemos? Detalhamos direitinho, dissemos que no Rio havia o mesmo boato, que uma foto que haviam publicado era de um site de humor, mas não teve como segurar esse boato. O pessoal começou a extrapolar", continua. "Nem é nosso papel segurar boatos."

Sem força para acalmar a população, segundo afirma, o dono da página decidiu pedir ajuda à polícia. "Um dia antes do acontecido, enviamos um e-mail para o 21.º Batalhão de Polícia Militar do Guarujá, pedindo que enviasse uma nota oficial para tranquilizar a população da cidade, esclarecendo que tudo era um boato, para que a população ficasse mais calma. Mas infelizmente não tivemos resposta", lamenta.

Na tarde do sábado, ele diz que começaram a aparecer mensagens com fotos de Fabiane, dizendo que a sequestradora havia sido presa. "Dissemos que não publicaríamos nenhuma foto", afirma.

O homem prestou depoimento na Delegacia Seccional do Guarujá nesta terça-feira, 6, e foi liberado. O delegado do caso, Luiz Ricardo Lara Dias Júnior, trata o dono da página como uma testemunha e diz que ele tem colaborado, chegando a enviar suas senhas do Facebook para a polícia. Mas diz que o material publicado no Guarujá Alerta ainda está sendo analisado.

"Não me sinto culpado pelo ocorrido. A todo momento, tudo o que quis foi dizer que aquilo era um boato, sempre quis. Mas infelizmente não posso me responsabilizar por aquelas pessoas que fizeram aquela atrocidade", alega.

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Não é o que pensam outras pessoas, também segundo o do no da página. "Até gente instruída, advogado, pergunta se eu não deveria ser linchado também", afirma, ao relatar as ameaças que está sofrendo.

Escapismo

A Polícia Militar foi procurada no começo da noite desta quarta-feira, 7, para comentar as declarações. Por causa do horário, fora do expediente administrativo, informou não ter como confirmar se o e-mail realmente havia sido enviado à corporação. A corporação se comprometeu a apurar o caso hoje.

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública "lamenta profundamente que a defesa do responsável pelo perfil Guarujá Alerta queira empurrar para a Polícia Militar a responsabilidade pelo boato que resultou na morte de uma pessoa inocente em Guarujá". "Tal comportamento demonstra escapismo."

Moradores do bairro - e parentes de Fabiane - dizem que só souberam da história após ler os boatos do Guarujá Alerta. E culpam a divulgação feita. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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