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O saguão do Aeroporto Internacional Tom Jobim, no subúrbio do Rio, assistiu desde o início da manhã desta segunda-feira (1º) a movimentação de parentes em busca de informações sobre os passageiros que haviam embarcado na noite de domingo (31) no voo da Air France AF 447 com destino a Paris.

Queixas contra a falta de informação se misturaram ao choro, ao nervosismo e ao alívio de quem preferiu embarcar na segunda-feira, porque muitos deles haviam cogitado viajar no avião que desapareceu.

O clima no Tom Jobim ficou mais tenso e confuso ao longo do dia. À tarde, o cônsul geral da França no Rio de Janeiro, Hughes Goisbault, explicou que a falta de informações na ficha de embarque dificultava o contato com os parentes, que devem ser avisados antes que a lista oficial dos passageiros seja divulgada.

O desencontro de informações sobre a identificação das supostas vítimas – de 32 nacionalidades diferentes – ficou claro depois que o gerente geral da empresa anunciou no Tom Jobim que 80 brasileiros estavam a bordo, enquanto que, em Paris, a Air France informava que eram 58. O número ainda não é confirmado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Alguns passageiros têm dupla nacionalidade.

Duas salas de crise: no aeroporto e em hotel

Na sala de crise montada no salão nobre do Tom Jobim, os parentes e amigos das vítimas eram recebidos por funcionários da Air France e da Infraero. A empresa reservou também 150 quartos no Hotel Windsor, na Barra da Tijuca, para onde devem ser conduzidos todos os parentes e amigos que esperam notícias dos passageiros.

A primeira empresa a confirmar que tinha funcionários no avião foi a fabricante de pneus Michelin, que mantém uma fábrica em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio. O presidente para a América, Luiz Roberto Anastácio, o diretor de informática Antonio Gueiros e uma funcionária francesa da matriz, na França, que voltava para casa.

O prefeito do Rio, Eduardo Paes, também correu para o aeroporto. Ele foi prestar solidariedade aos parentes e contou que seu chefe de gabinete, Marcelo Parente, de 38 anos, e a mulher dele embarcaram no voo AF 477. Paes acrescentou que pedira ao governador do Rio, Sérgio Cabral, que decretasse luto oficial no estado, embora o avião ainda não tenha sido localizado. O anúncio do luto foi feito logo depois.

A Companhia Siderúrgica do Atlântico informou que o presidente do seu conselho administrativo, o engenheiro Eric Heine, que seguia para um encontro de trabalho na Alemanha, está na lista dos passageiros; e a Vale informou que o diretor de manganês e ligas, Marco Mendonça, estava a bordo.

Pesquisadores e professores a bordo

A ONG Viva Rio anunciou que dois pesquisadores estão entre os passageiros: Pablo Dreyfus e Ana Carolina Rodrigues iam para Genebra. Os dois desenvolvem pesquisas sobre o uso de armas.

A Universidade Federal do Rio de Janeiro confirmou que dois dos seus professores estavam no avião: a professora Izabela Maria Furtado Kestler, que leciona literatura alemã, e o professor Octavio Augusto Ceva Antunes, que dá aulas no Instituto de Química. Um outro professor, da Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC-Rio), também está entre os passageiros do voo.

Foi confirmada também a presença no avião do ex-maestro da Orquestra Sinfônica Brasileira e do Theatro Municipal do Rio, Silvio Barbato.

Alívio mesmo sentia o grupo de brasileiros que embarcou para Paris na tarde da segunda-feira. Entre eles, está o casal Aline e Wilson, que vai passar a lua de mel em Paris. Eles contaram, e não foram os únicos, que planejaram viajar no domingo (31), mas acabaram preferindo embarcar no dia seguinte.

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