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Saúde

Dor nas costas, a vilã do bem-estar

Aurélia Clivati precisou se afastar do trabalho por causa da dor nas costas: tratamento inclui pilates, shiatzu e acupuntura | Roberto Custódio/Jornal de Londrina
Aurélia Clivati precisou se afastar do trabalho por causa da dor nas costas: tratamento inclui pilates, shiatzu e acupuntura (Foto: Roberto Custódio/Jornal de Londrina)

Quem nunca sentiu dor nas costas? Incômodo para alguns e problema sério para outros, a lombalgia é a doença isolada que mais reduz a qualidade de vida no mundo, segundo relatório do Global Burden of Disease. No Brasil, a incidência também é alta e gera despesa. No ano passado, a Previdência Social concedeu 116 mil auxílios-doença no país em virtude de afastamentos ligados a problemas na coluna.

O ortopedista do Hospital das Clínicas de Curitiba, Xavier Soler Graells, comenta que reclamações sobre dores nas costas são tão frequentes que o problema é a segunda maior causa de visita aos consultórios médicos no Brasil. A lombalgia só fica atrás do resfriado e suas complicações nas vias aéreas. "Vemos que, em 80% dos casos, o problema vem de uma postura errada. A pessoa não faz atividades físicas para balancear o hábito repetitivo e sente dor ao abaixar ou levantar algo pesado."

Graells observa, contudo, que outros fatores também levam ao problema, como sedentarismo, traumas e hábitos do paciente. Quem fuma, por exemplo, tem grandes chances de apresentar lombalgia ao longo da vida, assim como quem pega excesso de peso de maneira incorreta. "A nicotina atua diretamente sobre o disco da coluna, ressecando e ­­destruindo-o", explica o médico.

Ele alerta que, em alguns casos, a dor nas costas também pode ser o indicativo de doenças graves, como diverticulite intestinal ou aneurisma de aorta, ou preceder ainda problemas como artrose. Por isso, recomenda não mascarar a dor com remédios, ainda mais se o sintoma persistir após mudanças de posição. "Se não parar em quatro ou cinco dias, deve-se procurar um médico. A dor sempre é sinal de que alguma coisa não está correta."

Desequilíbrio

A fisioterapeuta do Hos­pital Universitário de Lon­drina Christiane Guerino Macedo explica que a dor nas costas é resultado do desequilíbrio entre força e flexibilidade muscular. "Este desequilíbrio causa sobrecarga nas estruturas anatômicas, como ossos, ligamentos, discos intervertebrais e músculos, que desencadeia processos inflamatórios, compressões e contraturas com consequentes dores na coluna vertebral", diz, ao avaliar que a melhor forma de prevenir o problema é cultivar uma vida saudável e ativa.

O médico ortopedista Luiz Roberto Gomes Vialle, do Hospital Marcelino Champagnat, pontua que, mesmo com esses cuidados, é quase inevitável ter pelo menos um episódio de lombalgia ao longo da vida. Estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram que 70% das pessoas terão até três crises de dor na coluna. Diante disso, considera natural a incidência na faixa dos 25 aos 45 anos. "Não tem vacina para isso. O médico precisa apoiar o paciente para que tome medicamento e repouse."

Mal também afeta pacientes mais jovens

Apesar de ser mais comum na vida adulta, a dor nas costas também tem atingido os jovens, segundo a Associação Brasileira de Reabilitação de Coluna (ABRC). A situação comprova que o discurso de que o problema só acomete pessoas mais velhas não passa de um mito.

O presidente da ABRC, Helder Montenegro, avalia que a chegada dos mais jovens aos consultórios de fisioterapia é reflexo de um comportamento sedentário. "Eles ficam muito tempo inativos, seja pelo uso da internet, do controle remoto ou da automação em geral. As pessoas estão ficando cada vez mais paradas, em casa ou na rua. Mas o corpo é vida e a vida precisa de movimento", diz.

Montenegro afirma que a lombalgia é praticamente uma epidemia no país – representa a segunda maior causa de licenças no trabalho e a terceira maior causa de aposentadorias precoces. Conforme números da ABRC, 5,5 milhões de brasileiros convivem ainda com hérnia de disco, problema que também causa dores nas costas. "O caminho para sair disto é fazer o oposto do que vem fazendo a humanidade: o exercício físico qualitativo, com profissionais adequados", salienta.

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