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Violência

Dos 110 mortos pela polícia, 31 não têm ligação com o PCC

São Paulo – Dos 110 mortos durante o período de confronto entre policiais e o crime organizado em São Paulo, 31 não têm nenhuma relação com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). Os números são da Secretaria da Segurança Pública, que reviu o levantamento divulgado na semana passada.

Segundo o governo estadual, dos 79 considerados suspeitos, 55 já foram identificados e 49 deles têm antecedentes criminais e ligação com a facção criminosa.

De acordo com a nova classificação da secretaria, dos 79 mortos, 62 morreram em reação imediata da polícia aos ataques e 17 foram mortes consideradas "preventivas".

As outras 31 mortes no período ocorreram em casos de resistência considerados "normais" pela polícia paulista.

Nomes

A Secretaria da Segurança Pública afirmou que não vai divulgar a lista com os nomes dos mortos e, conforme o secretário Saulo de Castro Abreu Filho, a polícia vai atender "no seu tempo" o pedido do Ministério Público – que determinou ontem que a secretaria e a polícia entreguem até amanhã os nomes dos suspeitos mortos.

Abreu Filho participou de uma reunião de quatro horas com o governador Cláudio Lembo (PFL) e o procurador-geral da Justiça do Estado, Rodrigo Pinho. O teor da conversa não foi divulgado.

Os números foram apresentados no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, após reunião entre o governador Cláudio Lembo e os secretários Saulo Castro Abreu e Nagashi Furukawa (Administração Penitenciária).

Na segunda-feira, o Ministério Público Estadual havia dado um prazo de 72 horas para que o governo divulgasse a lista completa com os nomes das pessoas mortas nos confrontos.

Inocentes

O Movimento Nacional dos Direitos Humanos, com base em relatos de famílias e casos que estão sendo colhidos em comunidades para serem investigados, suspeita de que possa ter inocentes entre os mortos.

O silêncio tem marcado os trabalhos do movimento. Boa parte dos parentes das vítimas teme se expor e acabar vítimas de perseguição. Mas aos poucos, casos começam a surgir. Uma reportagem do Bom Dia São Paulo de ontem mostrou que a família do motorista Ricardo Flausino, de 22 anos, ainda está chocada com a morte do rapaz. Ele tinha ido buscar a noiva e foi morto com três tiros na nuca e três nas costas.

"Se tivessem perguntado ele diria que estava me esperando", diz a noiva, que não quis se identificar.

A Defensoria Pública colocou à disposição de familiares de vítimas um plantão no Fórum Criminal da Barra Funda, para que os casos possam ser relatados e, a seguir, encaminhados à apuração. O defensor Antônio Maffezoli afirmou que o papel da Defensoria Pública será justamente o de orientar os parentes das vítimas nesta fase de apuração.

"As pessoas estão perdidas, não sabem o que fazer", diz Maffezoli.

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