São Paulo – Um golpe estrondoso atingiu uma região nevrálgica do poder, perto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e em cheio no PT. A prisão de Valdebran Padilha e Gedimar Passos, até então figuras pouco ou nada conhecidas, fez um estrago comparável a um strike do boliche, derrubando primeiro as figuras de bastidor, depois assessores de trânsito livre no Palácio do Planalto e, por fim, abatendo o presidente do PT, Ricardo Berzoini, e outras peças-chave da campanha à reeleição do presidente Lula.

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A bola foi arremessada contra o governo no dia 15, quando em poucas horas o país ficou sabendo de um dossiê contra tucanos veiculado pela revista "IstoÉ" e, em seguida, assistiu ao desmonte de uma operação para venda do dossiê Vedoin, pela Polícia Federal.

Prisões

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A tentativa de associar candidatos do PSDB à máfia das ambulâncias mal repercutia quando Valdebran – empresário filiado ao PT – e Gedimar – advogado e ex-policial – foram presos com R$ 1,75 milhão. Na noite anterior, Paulo Roberto Trevisan – da família que chefiava o esquema – fora detido em Cuiabá tentando embarcar para São Paulo.

O próximo arremessado para fora do círculo de poder foi Freud Godoy, ex-assessor e chefe de segurança que gozava de extrema confiança de Lula, a ponto de ganhar uma sala no Palácio do Planalto, perto de onde o presidente despacha e ao lado do espaço reservado à primeira-dama. É suspeito de ter ordenado a compra do dossiê.

Quase simultaneamente, o escândalo envolveu e derrubou Jorge Lorenzetti, outro amigo de Lula, seu churrasqueiro dos fins de semana na Granja do Torto. Diretor licenciado do Banco do Estado de Santa Catarina, Lorenzetti cuidava da campanha em Santa Catarina. Juntamente com o ex-secretário do Ministério do Trabalho Oswaldo Bargas, teriam atuado no episódio do dossiê antes mesmo das prisões em São Paulo.

Lorenzetti e Bargas teriam oferecido a mesma denúncia à revista "Época", no dia 6 deste mês. Informavam possuir informações que ligariam o candidato ao governo paulista José Serra e Barjas Negri - ambos tucano e ex-ministros da Saúde – ao esquema de venda de ambulâncias superfaturadas. No mesmo dia, porém, telefonaram de novo, avisando que o denunciante desistira de fazer as revelações. Berzoini, que foi informado da conversa com a revista, balançou forte e perdeu a função de chefe da campanha de Lula.

Novo personagem

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Também antes das prisões que detonaram o caso, outro personagem entrou em cena. Era Expedito Afonso Veloso, diretor de Gestão de Risco do Banco do Brasil, que tirou férias e viajou para Cuiabá (MT), no dia 11 de setembro. Lá, tentou convencer Darci e Luiz Antônio Vedoin, pai e filho, que montaram a fraude dos sanguessugas, a denunciar os tucanos à IstoÉ. Reuniu documentos. Acabou, anteontem, afastado do BB, após 20 anos de carreira.

A crise esbarrou, ainda, em Hamilton Lacerda, coordenador de campanha daquele que poderia se beneficiar de um eventual abalo na candidatura Serra – o candidato ao governo paulista pelo PT, Aloízio Mercadante. Como Berzoini e Lula, Mercadante garante que tudo aconteceu sem o seu conhecimento. Alegou quebra de confiança para afastar o assessor, também ligado ao ex-ministro José Dirceu e com participação na campanha de 1989. A origem do dinheiro foi desvendada, os donos das contas não. E o strike pode fazer novas baixas.