O presidente e fundador da Rede Paranaense de Comunicação (RPC), Dr. Francisco Cunha Pereira Filho, que faleceu no ano passado, foi homenageado na manhã de ontem com a inauguração de uma placa na portaria da redação da Gazeta do Povo, na Rua Pedro Ivo, que lembra seus feitos à frente do jornal e na defesa das causas do Paraná. A ação foi proposta e organizada pela Academia Paranaense de Letras (APL), da qual o jornalista era membro desde 1998, onde ocupava a cadeira de número 18.
O presidente da APL, o escritor José Carlos Veiga Lopes, contou na cerimônia que a homenagem foi proposta em 2009 por conta dos 90 anos do jornal, quando o jornalista ainda era vivo. "A academia queria homenagear este jornal e o Dr. Francisco por conta dos serviços prestados ao Paraná. Infelizmente, cerca de 15 dias depois, ele faleceu e nós ficamos meio tolhidos. Para nossa alegria, agora pudemos dar continuidade ao nosso desejo." O escritor relembrou que, além de defender de forma intransigente as causas paranistas como o direito dos municípios lindeiros aos royalties de Itaipu e a modernização do Aeroporto Afonso Pena Cunha Pereira também promoveu a academia. "Ele sempre divulgou e prestigiou os trabalhos da academia nas páginas do jornal."
Filha do jornalista, a vice-presidente da RPC, Ana Amélia Filizola, que inaugurou a placa junto ao presidente da APL, destacou a relação íntima entre o jornalismo e a literatura, muito valorizada pelo pai. "Os jornais sempre atraíram escritores, e a academia sempre acolheu os jornalistas. Essa relação se dá pelo amor inigualável de ambos pela língua e pela comunicação." A vice-presidente relembrou o papel do jornal e do pai na descoberta de talentos da literatura paranaense, como Dalton Trevisan, e das artes, como Poty Lazarotto. "Ele era um entusiasta da literatura paranaense, e se preocupava muito com o que era publicado nas páginas literárias."
Na infância, a filha se lembra de sempre ver o pai com um livro ou jornal na mão. "Ele estava sempre com um livro na cabeceira. Acho que esse prazer pela leitura foi herdado do avô dele, meu bisavô, com quem ele morou um tempo. O avô ficou cego e pedia para que meu pai lesse pra ele, desde livros de medicina a livros em inglês e francês". De acordo com ela, o amor pelos livros foi passado aos filhos. "Ele sempre lia para nós. Lemos juntos as obras de Monteiro Lobato e Hans Cristian Andersen, e muitos livros de piadas. Esse foi o mundo em que eu vivi e acho que era o mundo em que ele queria que todos os paranaenses vivessem."
O jurista e colega de academia René Dotti comentou que a homenagem em forma de uma placa era pequena diante de tudo que o jornalista fez em mais de 60 anos de vida pública. "Como colega de academia, ele é uma referência permanente, seja como advogado, jornalista ou homem público. Ele marcou muito a minha geração, tinha um espírito muito aberto, alegre."