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Ausência

Drama da família de seqüestrado no Iraque completa um ano

São Paulo (AE) – "É pai... Vc (você) anda sumido. 300 dias desde a última vez que conversamos, pelo MSN. A falta de notícias boas me deixa triste. Não sei pôr em palavras a sensação que isso me traz. É como se os ombros pesassem e às vezes chega a dar uma sensação como se a pele estivesse ardendo de tanto nervoso." A frase, escrita em um blog na internet, foi uma das formas encontradas pelo estudante Rodrigo Vasconcellos, 25 anos, para tentar entender o ainda inexplicável: o que teria acontecido com seu pai, o engenheiro João José de Vasconcellos Jr., seqüestrado no Iraque em 19 de janeiro de 2005?

Na próxima quinta-feira, o desaparecimento completará 365 dias, sem que a família tenha obtido uma resposta, um sinal que aponte ao menos se o brasileiro está vivo ou morto. Na busca de respostas, seu filho encontrou na internet um meio de desaguar sua tristeza e de manter um diálogo íntimo e comovente com o pai desaparecido. "...converso aqui como se vc pudesse ler tudo que escrevo. Me faz bem. Sinto vc próximo, como se estivesse do meu lado, lendo tudo que escrevo. Não vou me aprofundar nisso... vc sabe os motivos. Sei que vc está contando comigo para estar junto da galera aqui. Dar apoio a eles. Tenho feito o melhor que posso."

Cada um da família busca de onde tirar forças para enfrentar os dias. Para lembrar a data, por exemplo, Isabel Vasconcellos, 46 anos, irmã do engenheiro pretende realizar uma missa, em Juiz de Fora (MG), para reforçar a busca por respostas e a esperança. "Aqui em casa estou preocupado com essa data porque não sei como meus irmãos vão reagir. Mas se minha tia e minha avó vão fazer eu participo, mas prefiro poupar meus irmãos", diz o filho Rodrigo.

Desde que o engenheiro foi seqüestrado, o silêncio dos seqüestradores foi quebrado apenas uma vez, quando sua carteira de mergulho foi exibida pela rede de TV "Al Jazeera", no dia 22 de janeiro, como prova de que ele estaria em poder do grupo Ansar Al Suna, que em árabe significa "os guardiões do caminho do profeta". O silêncio causa profunda angústia para a família, que até hoje não conseguiu obter do governo brasileiro informações precisas nem mesmo sobre as circunstâncias do seqüestro, ocorrido na cidade de Beiji, região norte do Iraque, onde Vasconcellos Jr., funcionário da Construtora Norberto Odebrecht, participava das obras de reparos de uma termoelétrica e em linhas de transmissão de energia.

"Há pouca esperança de encontrá-lo com vida, mas como não temos informações precisas, fica ainda alguma expectativa", diz Luís Henrique Vasconcellos, 48 anos, irmão de João.

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