Um motorista de ônibus teve cerca de 30% de seu corpo queimado na noite de quinta-feira, por dois homens, em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba. Segundo a Polícia Civil, Ricardo Scamila, 44 anos, sofreu o atentado depois de tentar evitar um confronto entre os suspeitos e o cobrador do ônibus. Até o fechamento desta edição, Scamila continuava internado em estado grave no Hospital Evangélico de Curitiba. Ele teve queimaduras de segundo e terceiro graus no rosto, no tórax e nos braços. De acordo com o delegado Osmar Dechiche, o atentado ocorreu por volta das 22 horas de quinta-feira, quando o ônibus que faz a linha Pedro Moro estava parado perto do ponto final na Rua Silvio Pinto Ribeiro, no bairro Quississana. O veículo não tinha passageiros.
Enquanto era socorrido, o motorista disse a diretores da empresa Auto Viação São José que o cobrador Nilton Bueno Gonçalves, 46 anos, desceu do ônibus e começou a discutir com dois homens que estavam em uma motocicleta. Scamila, que é sargento aposentado da Polícia Militar, desceu do ônibus para impedir a briga, mas um dos bandidos apontou uma arma e ordenou que ele se ajoelhasse. "Scamila não obedeceu e iniciou uma luta corporal com o homem. O outro bandido veio com uma garrafa pet, despejou líquido inflamável no corpo do motorista e ateou fogo. Depois, eles puseram fogo no veículo para parecer um ato de vandalismo", disse o delegado.
Em depoimento ontem, Gonçalves negou conhecer a dupla e disse que não se desentendeu com eles. De acordo com o cobrador, os dois incendiaram o ônibus e Scamila, quando descia do veículo, esbarrou em um deles, que ateou fogo no motorista. "A versão do cobrador é bastante contraditória e não condiz com o depoimento de testemunhas", afirmou Dechiche. O delegado informou que o cobrador permanece na condição de investigado e acrescentou que ele já tem passagem pela polícia por receptação. Scamila deverá ser ouvido quando tiver condições.
A Viação São José informou que está dando o apoio necessário à vítima. O responsável pela área de tráfego da empresa, Antonio Celso, disse que não tem ciência de nenhuma ameaça, nem de algum fato que possa ter motivado o crime. "Para a gente não chegou nada. Estamos aguardando a conclusão das investigações e estamos à disposição para contribuir com os trabalhos da polícia", afirmou.