Reação
Prefeitos pedem início das obras
Prefeitos de municípios do Vale do Ribeira e usuários da Rodovia Régis Bittencourt (BR-116) protestaram ontem contra um possível atraso na duplicação da Serra do Cafezal. "Esse trecho da rodovia está em situação muito crítica e não pode mais esperar", disse a prefeita de Miracatu, Déa Fátima Vianna Leite Moreira da Silva (PSDB). "O número de acidentes é crescente e eles são cada vez mais fatais. A população é quem perde."
A prefeita de Registro, Sandra Kennedy (PT), informou que vai pedir informações ao Ibama. Segundo o presidente do PT de Registro, Ronaldo José Ribeiro, o governo federal quer a rodovia duplicada até a Copa de 2014. "Imagine uma rodovia ligando duas sedes da Copa, São Paulo e Curitiba, com um gargalo desses", criticou. "A empresa tem condições de trabalhar em cima do projeto que já obteve a licença prévia e dar sequência ao licenciamento."
Para o presidente do Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens de São Paulo, Norival de Almeida Silva, o atraso pode comprometer o modelo de concessões do governo federal. "O preço do pedágio na Régis Bittencourt é muito diferente da tarifa cobrada nas rodovias estaduais." A tarifa básica nos pedágios da Régis é de R$ 1,70, muito abaixo da tarifa estadual.
O processo de licenciamento para a duplicação da Rodovia Régis Bittencourt, a BR-116, no principal trecho da Serra do Cafezal, terá de recomeçar do zero. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) cancelou a licença prévia emitida para as obras entre as cidades de Juquitiba (SP) e Miracatu (SP), no Vale do Ribeira, alegando que o projeto original foi substancialmente modificado. A concessionária OHL Brasil, responsável pela rodovia, informou ontem que atenderá todos os aspectos técnicos e ambientais solicitados.O trecho, com pista simples, é um dos maiores gargalos rodoviários do país. A rodovia é a principal ligação de São Paulo com o Sul do país e, além do transporte de cargas, é também rota de turismo. Com a exigência do Ibama, a duplicação pode atrasar. Está mantida a autorização para obras apenas nos dois extremos da serra, mas os trechos são curtos. A OHL Brasil planejava concluir toda a duplicação até o fim de 2013.
A licença prévia havia sido emitida inicialmente em 2002, mas as obras foram barradas na Justiça por ambientalistas a serra é coberta pela Mata Atlântica. Em 2007, a rodovia foi concedida à concessionária OHL e entre suas obrigações estava duplicar os 30,4 quilômetros na Serra do Cafezal.
Em 2009, uma decisão judicial tornou sem efeito a liminar que suspendia a licença prévia e a OHL buscou o Ibama para tentar licenciar o trecho para obras. No ano passado a concessionária obteve duas autorizações para segmentos iniciais, em que o projeto de engenharia não apresentava mudanças significativas em relação à faixa de domínio da rodovia.
No início do mês, a OHL pediu ao Ibama o licenciamento para um segmento maior. Mas o instituto alega que o novo projeto "diferia completamente daquele aprovado em 2002", conforme informou em nota. "Deve-se salientar que as modificações são de responsabilidade do empreendedor."
Segundo a OHL Brasil, o Ibama solicitou no dia 20 modificações no projeto. Em nota, a concessionária afirmou considerar as obras de duplicação "fundamentais e urgentes" para a segurança da estrada. Segundo a empresa, além dos trechos nas extremidades da serra, que já estão em obras, foi solicitada licença de instalação (que permite o início das obras) para o trecho entre os quilômetros 344 e 348, que está em análise pelo Ibama. "O projeto para o trecho central da Serra do Cafezal, que vai do km 348 ao 363, num total de 15 quilômetros, foi submetido à análise ambiental junto ao Ibama e atenderá todos os aspectos técnicos e ambientais requeridos para uma obra deste porte", informou.
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