As pessoas preferem sofrer a ficar sozinhas e desconectadas, mesmo que por poucos minutos. Foi isso que mostrou um recente estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Virginia, nos Estados Unidos, e publicado neste mês na revista científica Science.
Colocados sozinhos em uma sala, os voluntários deveriam passar 15 minutos sem fazer nada, longe de seus celulares e qualquer outro estímulo. Mas, caso quisessem, bastava apertar um botão e tomariam um choque elétrico. O resultado foi surpreendente: 67% dos homens e 25% das mulheres, entediados, preferiram as descargas elétricas a ficar somente na companhia de seus pensamentos. Alguns deles, inclusive, optaram pelo "castigo" repetidas vezes. Os líderes do estudo se mostraram surpresos com o resultado, que indicou como as pessoas encaram de forma negativa a ideia de estarem em contato consigo.
Defendido por muitos como uma forma de se conhecer melhor e temido por outros tantos, o estar só parece cada vez mais assustar o homem, que, imerso em uma sociedade a cada dia mais conectada, vê no isolamento algo distante e doloroso. Mas será que esses momentos são tão ruins assim? O que a ciência mostra é que estar só pode tanto trazer benefícios como prejudicar a saúde física e mental. O importante é saber como lidar com essa condição e aprender a ter controle sobre ela.
Medo nos genes
Tema estudado há anos pelo psicólogo americano John Cacioppo, diretor do Centro de Neurociência Cognitiva e Social da Universidade de Chicago (EUA), o medo da solidão pode estar nos nossos genes. Segundo o especialista, a justificativa de evitarmos o isolamento está no fato de sermos uma espécie social que, durante muitos anos, dependeu do comportamento em grupo para a sobrevivência e que, ainda hoje, pelo menos nos primeiros anos de vida, carece dos laços com os pais ou cuidadores.
"Quando nos sentimos sozinhos, o corpo emite um aviso de que algo não está bem. É um sinal que, assim como a fome, a sede ou a dor, nos induz a uma mudança de comportamento", resume.
Quando esse vínculo não é restabelecido, o sentimento de estar só se torna crônico e as consequências extrapolam a mente. Diversos estudos relacionam a solidão com aumento da pressão arterial e aceleração do processo de envelhecimento, alguns indicando que ela pode fazer tão mal quanto a obesidade. Também há trabalhos científicos que colocam os solitários na categoria dos mais sujeitos a arteriosclerose, diabetes e ataque cardíaco.
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